Trazemos hoje a segunda parte da entrevista que realizei com o presidente da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP) Edson de Vasconcelos:
1) É muito comum no exterior parcerias fortes entre indústrias e universidades ou ainda startups criadas por professores e alunos. Atualmente existem algumas poucas iniciativas de conexão entre setor industrial e universidades, como, por exemplo, por transferência de tecnologia. Como tornar essa parceria mais forte?
Entendemos que é muito importante haver esse estímulo para que a inovação aberta possa acontecer na prática. O Sistema Fiep, por meio de algumas de suas iniciativas e estruturas da área de inovação, já vem contribuindo com isso. Por exemplo, hoje já existem startups abrigadas na Aceleradora do Sistema Fiep que foram criadas por professores e alunos de universidades. Além disso, é importante destacar que, por meio de sua rede de Institutos de Tecnologia e Inovação, o Senai também apoia a indústria com pesquisas de ponta e oferece recursos para P&D&I em um nível de maturidade tecnológica complementar ao das universidades. E os institutos também estabelecem parcerias com universidades para o desenvolvimento de pesquisas aplicadas à indústria.
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2) A inovação, embora necessária, está muito distante da ponta, ou seja, das comunidades e das pessoas de classe social mais humilde. De que forma a FIEP está engajada para mudar esse cenário?
Acredito que a inovação também chega a comunidades com maior vulnerabilidade quando se pensa não apenas em tecnologia, mas também em modelos de negócios, processos e serviços. Ainda assim, é necessário que ela tenha um direcional maior para a resolução de problemas sociais e ambientais que possam melhorar as condições de vida das pessoas e apoiar o desenvolvimento social. O Sistema Fiep, como signatário do Pacto Global, movimento das empresas para apoiar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, já desenvolve várias ações nesse sentido. Entre elas, o Prêmio Sesi ODS, que anualmente reconhece instituições e empresas que têm práticas sociais inovadoras. Ou então o Laboratório de Inovação Social, em parceria com a PUCPR, na Vila Torres, em Curitiba, focado no desenvolvimento de empreendedores de inovação social. Também, por meio do Centro de Inovação Sesi, o Sistema Fiep tem trabalhado o conceito da "inovabilidade", buscando desenvolver projetos que tragam maior impacto para as pessoas, unindo o conceito da inovação com o da sustentabilidade. Por fim, vale citar a Chamada Sesi ESG, lançada em 2023 com o objetivo de estimular ainda mais as empresas a se envolverem nesse tema. Em sua primeira etapa, essa iniciativa está ofertando mentorias subsidiadas às indústrias. Na segunda, pretende financiar projetos de inovação relacionados a processos ou produtos sustentáveis e apoiando no desenvolvimento de ações sociais com as comunidades em que as indústrias estão inseridas, por meio do Investimento Social Privado. Até 2024, a meta é que essa chamada beneficie mil indústrias paranaenses.
*Lucas V. de Araujo: PhD em Comunicação e Inovação (USP).
Jornalista Câmara de Mandaguari, Professor UEL, parecerista internacional e mentor de startups.
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