O presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Marcos Domakoski, anunciou que a entidade está contra a privatização da Copel, que o governo do Estado pretende levar a leilão em outubro ou novembro. A posição da ACP vinha sendo aguardada com ansiedade há quase seis meses pelos movimentos populares contra a venda da estatal.
Domakoski disse, no entanto, que a ACP não vai engrossar o Fórum Popular Contra a Venda da Copel - que reúne mais de 200 entidades e câmaras municipais em todo Estado, além de contar com o apoio da bancada de oposição da Assembléia Legislativa. A justificativa é que a associação não quer dar uma dimensão "político-partidária" ao assunto. "Nossa posição é uma contribuição à sociedade", resumiu Domakoski. Segundo ele, nota oficial será publicada em jornais e enviada ao Palácio Iguaçu e à Assembléia.
Depois de uma série de debates iniciada no final do ano passado - com a participação de políticos, ex-governadores, sindicatos e especialistas em energia - a entidade decidiu defender a suspensão imediata do processo de privatização, a reavaliação do modelo de privatização do setor energético paranaense, ampliação da capacidade instalada e manutenção da geração como patrimônio do Estado.
Leia mais:
Saiba quais doenças dão direito à isenção do Imposto de Renda
Isenção de IR para quem ganha até R$ 5.000 só ocorrerá com condições fiscais, dizem Lira e Pacheco
Com reforma do governo, estados e municípios perderão até 80% de IR retido na fonte
Pacote de corte de gastos prevê economia de R$ 327 bi em cinco anos
De acordo com Domakoski, por causa da crise energética, a empresa deve permanecer nas mãos do Estado. "Vender a Copel neste momento, alegando que os preços altos que a empresa possa alcançar no mercado diante da demanda superior à oferta, é transformar energia em commoditie, é como especular com o patrimônio familiar", diz trecho do documento. A ACP fez uma pesquisa entre os sete mil associados (pequenos e grandes empresários), e 70% se posicionaram contra a venda.
Questionado sobre a possibilidade da decisão irritar o governo, Domakoski respondeu que o documento não foi elaborado para agradar ou desagradar ninguém.
O coordenador executivo do Fórum, Nelton Friedrich, disse, pouco antes da divulgação da posição da ACP, que a entidade tem grande peso no Estado, e seria uma adesão "fortíssima".
O Fórum realiza na próxima segunda-feira uma marcha para entregar o projeto de iniciativa popular contra a venda da Copel ao presidente do Legislativo, Hermas Brandão (PTB). São esperadas cerca de dez mil pessoas para o ato simbólico, que vai encaminhar o primeiro projeto popular à Assembléia. "Assim que o projeto chegar, vamos protocolar na mesa executiva", disse o deputado Orlando Pessuti (PMDB), coordenador parlamentar do Fórum.
Ontem, deputados foram à Boca Maldita convocar a população para participar da marcha de entrega do projeto popular.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou, há cerca de um mês, que está contra a venda da estatal, mas adotou a mesma postura da ACP. Não vai se unir ao Fórum para não dar uma conotação política ao processo de privatização. O Fórum aguarda agora a posição da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).
Leia mais em reportagem de Maria Duarte na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta quinta-feira