Empresários dos mais diversos setores brasileiros que estão exportando para os Estados Unidos aguardam com ansiedade a passagem da turbulência emocional que abalou o mundo devido ao atentado terrorista à Nova York e Washington, na última terça-feira. A expectativa é que a partir da próxima semana a euforia se reduza, o que permitirá iniciar conversações para retomar os negócios de comércio exterior paralisados esta semana. Todos os contratos de exportação e importação para os Estados Unidos simplesmente foram interrompidos.
O consultor internacional Carlos Barbieri avalia que nos próximos dias já será possível traçar um cenário sobre os reflexos que o atentado provocará na economia brasileira. Mas de imediato já se pode prever um forte abalo nas exportações de laranja e café, pois o Brasil não tem poder de formação de preço internacional. "A estabilidade econômica só virá depois da retaliação dos Estados Unidos", afirma.
Barbieri esteve em Curitiba, participando de um seminário sobre exportação para os Estados Unidos. O evento foi organizado pela Câmara Americana de Comércio (Amcham) e reuniu executivos interessados em vender produtos para o mercado norte-americano.
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O atentado aos Estados Unidos foi motivo de discussão informal entre os participantes, mas não foi tema dos debates. O coordenador do programa de exportação da Câmara, Francisco Prado, disse não acreditar que o ataque terrorista possa comprometer a médio prazo os negócios entre os dois países. "As relações comerciais continuarão iguais. O presidente George Bush garantiu que o país se manterá aberto a negócios", disse Prado.
A intenção da Câmara Americana de Comércio é estimular as empresas brasileiras a comercializarem com os Estados Unidos. O Brasil ainda é muito tímido em exportação, que fica restrita aos grandes grupos empresariais. Mesmo assim, os EUA são o maior mercado importador individual de produtos brasileiros, tendo absorvido 24% das exportações nacionais, no ano passado. Da mesma maneira, os EUA são os maiores exportadores para o Brasil, com venda de 23% dos produtos que o País importou.
O cenário antes do atentado mostrava um EUA cada vez mais importador, com crescimento de 10% em 2000 sobre 1999. Na pauta de exportação brasileira estão aviões, calçados de couro, pasta química de madeira, ferro fundido, gasolina, produtos semimanufaturados, automóveis, telefone celular e café.
Na avaliação do consultor internacional Carlos Barbieri o importante agora é saber como se comportará o consumidor norte-americano. Se ele mantiver o nível de compra, os demais países se beneficiarão. Se o governo Bush decidir investir pesado em segurança e na indústria bélica também haverá uma tendência de aquecimento econômico.