O Banco Central alerta a população sobre o golpe do empréstimo de dinheiro facilitado. Todos os dias, o banco recebe, no mínimo, 15 reclamações de pessoas de todo o Paraná que caíram no golpe. As vítimas são atraídas pelos anúncios que os golpistas publicam em jornais de grande circulação do Estado.
Esses anúncios geralmente trazem as mesmas informações. Oferecem o empréstimo de dinheiro a juros baixos e o contato com os estelionatários é por celular pré-pago (o que dificulta a identificação do aparelho). Para ter certeza da impunidade, as quadrilhas não agem em seus estados de origem. As que atuam no Paraná, por exemplo, são de São Paulo e Minas Gerais, conforme levantamento do Banco Central. "As polícias desses três estados não conseguem trabalhar de forma integrada, por isso os bandidos não são capturados", conta o analista do Banco Central, Mário Alfredo Silva Neto.
Conforme Neto, o golpe é sempre o mesmo. As vítimas telefonam para os estelionatários. Para liberar o empréstimo, os golpistas dizem que primeiro é preciso que seja feito um depósito de 10% a 20% do valor do empréstimo. Eles argumentam que essa quantia vai para um "seguro fiança" que cobrirá o empréstimo, caso a vítima não o pague. "Eles são tão ousados, que chegam a depositar o valor do empréstimo na conta da pessoa. Para isso, se utilizam de cheques roubados. Dizem que o dinheiro só será liberado quatro dias depois que o seguro for pago", conta Neto. Ao ver o extrato bancário, a vítima deposita a quantia solicitada. Só depois, quando o cheque roubado é sustado, é que descobre o golpe.
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Neto conta que recentemente o proprietário de uma transportadora quase caiu no golpe. Ele precisava de R$ 300 mil para comprar caminhões e iria depositar R$ 25 mil na conta da quadrilha. "Antes ele ligou para nós e o aconselhamos a não fazer o negócio pois pelo que contou se tratava do esquema", diz.
Por ser mais esclarecido, esse empresário foi prudente ao procurar o Banco Central. A mesma sorte não teve uma senhora de idade. "Ela depositou o dinheiro e ainda ligou para os golpistas para ser ressarcida. Eles disseram que não iriam devolver o dinheiro porque este era o ganha pão deles", conta Neto.
A Delegacia de Estelionato de Curitiba não tem estatísticas sobre o número de inquéritos instaurados em função de denúncias de pessoas que caíram no golpe do empréstimo. Como as contas da quadrilha são de bancos de outros estados, as investigações ficam mais difíceis. Isso porque, o delegado tem que pedir por precatória aos gerentes dos bancos, os nomes dos proprietários das contas. Na maioria das vezes, as contas são abertas com documentação falsa.
"Os estelionatários são tão especialistas que para localizá-los e prendê-los, a polícia brasileira precisaria ter o preparo e a estrutura da polícia americana", compara Neto. Mas como isso não é possível, a única maneira de conter a quadrilha é prevenindo as pessoas sobre o golpe, acredita ele. Para isso, o Banco Central pede que os paranaenses que estiverem com dúvidas, antes de fazerem empréstimo por meio de anúncios, entrem em contato pelo telefone: 0800-992345.