O Banco Central decidiu aproveitar o aumento da confiança dos investidores estrangeiros no Brasil e a consequente queda do risco-país para trocar os títulos da dívida externa brasileira que vencem em 2004 por outros com vencimento em 2011 e 2024.
Adicionalmente, o Brasil também pode oferecer novos bônus para captação de novos recursos.
"O BC aproveita que os investidores estão ávidos por comprar títulos que têm taxas de rendimento melhores", afirma Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do banco e professor do Ibmec-RJ.
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A recepção do mercado financeiro à notícia foi positiva, já que adiam os gastos do governo com o pagamento dessa dívida, os quais seriam liquidados no ano que vem. "Alivia a pressão sobre o orçamento de 2004", explica Freitas.
Sinal da aprovação do mercado é que as cotações do C-Bond, o principal título da dívida externa do país, dispararam após o anúncio da transação. O papéis são vendidos a 90,875% do valor de face, com alta de 1,61%.
Os investidores que têm C-Bonds podem trocá-los por uma combinação de papéis com vencimentos em 2024 (Global BR-24) e em 2011 (Global BR-11).
A operação, liderada pelos bancos JPMorgan e Morgan Stanley, será encerrada às 14h (horário de Nova York) do próximo dia 29. O resultados sai no dia seguinte, 30 de julho.
"Em 2002, o C-Bond esteve muito em baixa e neste ano voltou a subir, atingindo valores recordes", lembra Fernando Coelho, analista da ABM Consulting.
A perspectiva de eleição de um presidente de esquerda no Brasil alimentou temores de que os compromissos do país não seriam cumpridos, a começar pela dívida externa.
O risco-país subiu até 2.436 pontos em 27 de setembro, o dólar atingiu a cotação máxima de R$ 3,99 em 10 de outubro e no dia anterior o C-Bond havia desabado para 48,875% do valor de face. Em 2003, o título já superou os 93%. "Quem investiu em C-Bonds teve um retorno bastante bom", comenta Coelho.
"O Brasil está conseguindo se financiar, o que demonstra a credibilidade de que goza", resume o analista. "As perspectivas para o país são positivas, com a retomada da política desenvolvimentista pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva e o seu empenho na aprovação das reformas estruturais."