A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) estará abrindo, nos próximos meses, uma nova seção dentro do âmbito de negociações da instituição. Chamada de Novo Mercado, o setor vai abrigar empresas com práticas diferenciadas de boa governança corporativa, marcadas por técnicas de gerencimento mais moderno e transparente.
O objetivo do Novo Mercado é tornar o investimento em ações mais atrativo para os investidores e, com isso, ampliar as negociações no setor. "Significa uma mudança de cultura para as empresas, mas o resultado compensa porque seus produtos terão maior visibilidade, expostos nas pontas das gôndolas e os acionistas vão comprá-los", diz o presidente da Bovespa, Raymundo Magliano Filho.
Defendendo a idéia de que o desenvolvimento da economia depende da abertura do mercado de capitais, representantes da Bovespa, da Bolsa de Valores do Paraná e do BNDESPar promoveram um workshop, ontem de manhã em Curitiba, explicando as regras do Novo Mercado a empresários e investidores. Para entrar nesse mercado, as empresas têm que cumprir uma série de requisitos, como a emissão de apenas ações ordinárias (todas com direito a voto igual), adoção de mecanismos que favoreçam a dispersão e manutenção de um percentual mínimo de 25% das ações em poder do público, emissão de balanços, contabilidade e auditorias nos padrões americanos (mais transparentes e de fácil entendimento), obrigação de informar a administradores e controladores todas operações com ações da empresa, entre outros itens.
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Segundo o superintendente da Bovespa, Gilberto Mifano, o objetivo é dar condições para que as empresas brasileiras funcionem de modo semelhante às estrangeiras. Em países da Europa e Estados Unidos, o pequeno acionista, a transparência e agilidade das corporações são grandes aliados do desenvolvimento econômico.
A proposta de criar uma nova seção de negócios no mercado de capitais nasceu a partir de um estudo encomendado pela Bovespa para analisar maneiras de incrementar o reduzido mercado de ações no País. De acordo com José Roberto Mendonça de Barros, da empresa de consultoria MB Associados, autora dos estudos, a capacidade de crescimento das empresas no Brasil chegou ao limite, uma vez que os investimentos financiados tornaram-se inviáveis em função dos altos juros. "O melhor caminho é a abertura do mercado de ações. Só grandes empresas podem participar das grandes cadeias mundiais de investimentos. As empresas têm necessiddae de capitalização e o mercado de ações é a melhor saída", defende. Segundo ele, mais de 95% da formação de capitais do Brasil vieram de outras fontes.
Para o presidente da Bolsa de Valores no Paraná, Abílio Peixoto Neto, a idéia ainda está engatinhando, mas certamente terá muitas adesões de empresas ao longo do tempo.