Em crise há dois anos, o mercado de automóveis espera fechar 2000 com recuperação equivalente à venda de 1,8 milhão de carros em todo o País. A expectativa foi apresentada pelo presidente da Associação dos Concessionários Autorizados de Veículos do Paraná (Acavipar), Adeodato Volpi, durante a abertura do 4º Salão do Automóvel. A exposição começou no sábado e permanece até o dia 26, no Parque Barigui, em Curitiba.
O 4º Salão do Automóvel traz 25 marcas, todas apresentando seus últimos modelos. Com o maior número de lançamentos nos últimos dez anos, os organizadores do evento trocaram o Autódromo de Pinhais pelo Pavilhão de Exposições do Parque Barigui. "Optamos por ficar mais próximos do público e não oferecer os test-drives", diz Volpi.
Segundo o presidente, está sendo esperado um público de 60 mil visitantes, que poderão aproveitar as boas condições de comercialização na feira. "Estamos oferecendo operação a juros zero ou próximo disso e os preços dos carros variam de R$ 15 mil a R$ 260 mil. Esperamos ultrapassar R$ 15 milhões em vendas, no Salão", confirma.
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A expectativa de boas vendas se sustenta em torno do aquecimento do mercado, neste ano. Em 1997, a previsão de vendas de automóveis era de 2 milhões de unidades, mas fechou o ano com apenas 1,7 milhão. No ano seguinte e em 1999 foram comercializados 1,4 milhão veículos em cada ano. "Esperamos fechar 2000 com a venda de 1,8 milhão de veículos e chegar a 2 milhões em 2001 (previsão inicialmente para 1997)", considera Volpi.
Ele argumenta que as crises mundiais afetaram todos os setores e para os automóveis não foi diferente. Em 1997, foi na Rússia; em 1998, na China e no ano passado a economia ficou abalada devido a desvalorização do real frente ao dólar. "Este ano apresentou uma recuperação na área industrial, mas a ponta, que é o consumo, começa a sentir essa melhora só agora".
A estabilidade da moeda, a manutenção da taxa Selic (taxa de juros praticada pelo governo), a manutenção do emprego e a inflação sob controle devem possibilitar uma estabilidade econômica para 2001. No entanto, as montadoras estão em época de negociação salarial e a correção dos salários deve ficar em torno de 8% a 10%. "Torcemos para que esse reajuste não seja repassado ao consumidor. Se isso acontecer corremos o risco de parar as vendas, para recomeçar só em 180 dias, tempo que o consumidor leva para absorver os aumentos", analisa Volpi. No Paraná, as montadoras enfrentam a crise optando pela exportação, principalmente, para os países da América Latina e Estados Unidos.
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No Brasil ocorre um fenômeno diferente do restante do mundo, em relação ao carro zero. Na Europa e nos Estados Unidos, os carros zero quilômetros sofrem uma desvalorização de 40 a 50% logo no primeiro ano. No Brasil, essa perda não ultrapassa 20%. "Isso se deve ainda à cultura da inflação. A nossa defasagem fica em média nos 20% e é a menor um todo o mundo", analisa o presidente da Acavipar.
A economia reflete sempre no todo. Se o consumidor não tem dinheiro para comprar um carro zero, provavelmente, também não tem para comprar um usado. Historicamente as ocilações do mercado atingem os dois setores que andam par e passo, diz Adeodato Volpi.