A Tradener - empresa da Copel que atua na comercialização de energia no mercado atacadista - e o Grupo Desarrollo da Argentina assinaram ontem uma carta de intenções com os governos da província de Missiones e estado do Paraná para importação de energia elétrica e de gás natural a partir de 2004. O compromisso é comprar 3 mil megawatts de energia a ser gerada por um conjunto de 10 termelétricas em Missiones e revendê-los para a região Sudeste. O projeto necessitará de investimento de US$ 2,9 bilhões, a ser feito integralmente pela iniciativa privada. Poderão ser gerados pela Tradener negócios num valor aproximado de US$ 64,8 milhões mensais.
O projeto está na fase de elaboração da parte financeira e de engenharia, processo que deverá estar concluído em meados do próximo ano e deve custar cerca de US$ 10 milhões. Se ele for aprovado, as obras para a construção das termelétricas e mais 800 quilômetros de linhas de transmissão da fronteira com Foz do Iguaçu até o interior paulista e de um gasoduto da Bolívia até Missiones começariam a ser feitas a partir do início de 2003.
O governador da província argentina, Carlos Eduardo Rovira, esteve ontem em Curitiba para firmar o compromisso oficial com o governador Jaime Lerner. "No momento em que os dois países vivem problemas com crise energética e economia é importante apoiar um projeto destes", afirmou Rovira.
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O governador Jaime Lerner aproveitou o momento de desabastecimento de energia no País para dizer que o Estado está apresentando soluções. "Estaremos oferecendo o equivalente a 10% da produção nacional de energia. É uma resposta ao problema", disse Lerner. Toda a energia das termelétricas servirá para comercialização no Mercado Atacadista de Energia (MAE).
A negociação entre a Tradener e o Grupo Desarrollo começou há dois anos. O diretor-presidente da Tradener, Walfrido Avila, disse que a escolha da Argentina como sede das termelétricas se deu, entre outros fatores, por causa da carga mais baixa de impostos em relação ao Brasil. "A energia produzida em Missiones chegará mais competitiva. Com custo menor", afirmou Avila.
O custo da energia térmica gira entre US$ 35 e US$ 40 o megawatt. Se a Tradener conseguir comprar a energia das termelétricas argentinas por US$ 30, por exemplo, estará intermediando uma operação de compra e venda no valor de US$ 64,8 milhões.
O presidente da Companhia Termelétrica Regional da Argentina (CTR), Francisco Sábato, disse que já há grupos interessados no empreendimento. Mas não quis citar nomes. A CTR é responsável pela parte do projeto que viabilizará a construção das 10 termelétricas. Há ainda uma empresa responsável apenas pela canalização do gás da Bolívia até a Argentina e uma empresa brasileira que comandará a execução das linhas de transmissão.