A desaceleração econômica dos Estados Unidos (EUA), que ocorreu mais acentuadamente em junho e julho deste ano, vai dificultar as negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Por causa disso, os americanos tendem a criar novas barreiras protecionistas, dificultando ainda mais a entrada de produtos de outros países.
Essa é a avaliação do embaixador do Brasil nos EUA, Rubens Antônio Barbosa, que esteve em Curitiba para participar do 1º Congresso de Direito Internacional da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Ele foi convidado para proferir uma palestra sobre a Alca e o Mercosul.
De acordo com análise divulgada na quarta-feira pelo FED (banco central norte-americano), os EUA tiveram crescimento próximo de zero nos dois últimos meses. "Está havendo um rebrotamento de medidas mais restritivas", afirmou Barbosa. Segundo ele, 60% dos produtos exportados pelo Brasil para aquele país sofrem algum tipo de restrição. Ele disse que há estudos que apontam que se essas barreiras não existissem, o Brasil poderia exportar de US$ 3 bilhões a US$ 5 bilhões a mais por ano para os EUA.
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Para Barbosa, uma maneira do Brasil se posicionar bem na Alca é aumentar a quantidade de produtos da pauta de exportações. "Precisamos entrar na faixa dos produtos ligados à alta tecnologia", avaliou. Segundo ele, isso deve ser feito numa parceria do setor privado e do governo.
Na opinião do embaixador, o setor privado também deve se sensibilizar mais e apressar a realização de discussões e estudos que mostrem o impacto que a Alca terá nos sistemas produtivos brasileiros. Para ele, em cima dessas análises, a sociedade civil deverá impulsionar o governo do País para que negocie alguns pontos principais, como agricultura, para a qual os EUA concedem vários subsídios, de maneira que seja favorável ao Brasil.