O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, disse nesta manhã, em entrevista ao programa "Bom Dia Brasil", da TV Globo, que as críticas não mudarão a política econômica econômica do Governo Lula, "nem mesmo aquelas vindas de dentro do próprio governo".
Segundo o ministro, "é natural, neste momento, que se pergunte quanto tempo será necessário para dobrar de vez a inflação e criar condições para um crescimento maior, mas é preciso lembrar que saímos de um momento de crise aguda, de inflação alta e de grande Risco Brasil".
O ministro disse não considerar as declarações do vice-presidente José Alencar como críticas: "São colocações feitas com muito sal. Não o vi chamar o Banco Central de incompetente, mas reclamar dos juros e do mercado".
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Ele afirmou que espera do BC uma independência como a que demonstrou ao manter a taxa Selic em 26,5% anuais. "O Banco Central responde à pressão da inflação e não à pressão política", insistiu.
Palocci, que é médico, comparou: "As pessoas gostam de falar mal do remédio e não da doença". E acrescentou: "Parece até que o governo faz juros altos porque gosta, mas estamos diante de uma doença grave, que é a inflação".
Para o ministro, "ainda há muita remarcação de preço, ainda existem negociações considerando inflação passada e não presente. Se não houver uma ação dura neste momento nós vamos reproduzir a inflação e ela poderá crescer desordenadamente. Isso nós não vamos permitir".
O ministro da Fazenda disse ainda que "o Banco Central, no Brasil, já tem autonomia", sobre a resistência às pressões por redução na taxa básica de juros da economia.
"Agora, evidentemente, queremos uma legislação que faça com que esta autonomia se transporte para uma característica institucional do banco, a fim de que o Brasil não tenha dúvida de que seu Banco Central agirá sempre contra a inflação, sem aceitar pressões políticas".
Sobre o acerto das contas do País, Palocci disse que essa é uma necessidade essencial de início de governo e que se não for feita agora, "o governo fará durante quatro anos, não tem alternativa".
Atualmente, lembrou, não existe a ameaça de inflação explosiva nem a possibilidade de o Brasil não cumprir seus compromissos, mas a inflação permanece alta, embora com tendência de queda.
"Nós estamos vencendo a luta contra a inflação, mas ela ainda está em alta. Se anualizarmos a inflação nos últimos quatro meses, ela chega perto de 20%. Então, ainda não é o desejável. A luta ainda não está vencida", afirmou.
O ministro da Fazenda estimou em cerca de 2% o crescimento do País neste ano, mas admitiu uma média de expansão anual de até 5%, se forem ordenadas as condições que determinam a política macroeconômica.
Ele citou três ações como prioritárias para esse ordenamento no crescimento: equacionar a geração e distribuição de energia elétrica, a fim de impedir um novo apagão, resolver logo a questão do financiamento público e privado, e ampliar os investimentos em infra-estrutura, como estradas e portos para escoar a produção agrícola.
E sobre as metas de superávit primário previstas na Lei Orçamentária, disse que "o superávit é necessário porque temos uma dívida grande, que precisa baixar para o Brasil não ter problemas de crédito".