O dia-a-dia democratizou um vocabulário próprio para explicar o aumento de preços, o desemprego, a queda de renda do trabalhador e outras 'males' econômicos comuns ao brasileiro. São termos técnicos que acabaram integrados ao cotidiano nacional.
A lista é longa, mas entre os termos mais usuais estão inflação, deflação, taxa Selic, superávit, déficit. A palavra do momento é 'gradualismo', adotada pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles para explicar a condução da política monetária. Na gíria, essa linguagem de especialistas é chamada de 'economês'.
Na prática, inflação nada mais é que reajuste de valores. Ela é medida por institutos de pesquisa todas as semanas do mês, o ano inteiro. Segundo o presidente do Sindicato dos Economistas de Londrina e região, Francisco de Assis Simões, os mais conhecidos são: a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP (Fipe) que divulga o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o Índice Geral de Preços (IGP) e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC); a Fundação Getúlio Vargas (FGV) que pesquisa, além do IGP, também o Índice Geral de Preços de Mercado (IGPM) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mede a inflação pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Cada um tem seus critérios e área de abrangência, por isso os resultados são diferentes. Em comum, eles têm os itens pesquisados que variam de 40 a 60 entre bens e serviços como, por exemplo, cesta básica, aluguel, tarifas públicas, combustíveis, transporte, planos de saúde etc. ''Nenhum deles reflete a realidade do País inteiro. Por isso, a escolha de um deles é pessoal'', disse Simões.
Deflação, ao contrário do que parece, não é um bom sinal. A queda de preços, neste caso, indica retração econômica. Ela significa redução no volume de vendas e, consequentemente, prejuízo para a indústria e o comércio. Sua origem está na perda do poder aquisitivo e no desemprego, que são 'filhos' da falta de estímulo à produção e de uma violenta carga tributária. De acordo com Simões, a deflação não existe em países ricos onde a inflação é zero ou mínima.
''Deflação não rima com crescimento. Em qualquer economia do mundo as perdas devem e são repostas. Isso gera uma inflação que em níveis muito baixos não prejudica o desenvolvimento''.
Indiscutivelmente, um dos fatores que mais influenciam a economia brasileira é o câmbio do dólar. Além dele, há também a quantidade de moeda em circulação no País. Quando a economia corre perigo, o governo libera uma parte da reserva para segurar a inflação. É por isso que nossa política estimula a exportação até mesmo do que não é excedente. Quando o País vende mais do que compra temos superávit comercial e, em caso contrário, déficit da balança comercial.
O significado da palavra juro não é mistério para o brasileiro, mas qual o critério usado para defini-lo nem todo mundo conhece. De acordo com Simões, a taxa básica de juro ou taxa Selic é a porcentagem de reajuste que o governo aplica sobre o dinheiro emprestado aos bancos normalmente. O repasse desse acréscimo aos clientes é uma das justificativas para o aumento de preços e estagnação econômica.