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Falta de argila ameaça ceramistas

Ana Paula Nascimento - Folha de Londrina
20 jan 2001 às 18:29

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A Associação dos Ceramistas do Norte do Paraná, as prefeituras de Jataizinho e Ibiporã, o deputado federal Alex Canziani e representantes da Mineropar (Minerais do Paraná) e do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) participaram ontem de uma reunião na Estância Formosa, em Jataizinho, para buscar soluções para a falta de jazidas de extração de argila na região.

O problema se agravou desde setembro do ano passado, quando os ceramistas foram proibidos de extrair argila da faixa de segurança da água do Rio Taquari, na estrada que liga Jataizinho e Rancho Alegre. A área pertence a Dulke Energy International, empresa que assumiu a Cesp (Companhia de Energia de São Paulo) - que há 25 anos foi a responsável pela desapropriação de 40 mil hectares do Norte do Paraná. O local foi alagado na construção da represa Capivara.

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Segundo os ceramistas, no processo indenizatório da época, só foram consideradas as benfeitorias das propriedades e não o valor socio-econômico das jazidas de argila para a região. "Uma das poucas áreas que sobraram foi a do Taquari, que também foi desapropriada, mas que na época da estiagem dá para retirar a argila", informou João Pinto Filho, presidente da associação dos ceramistas.

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Em Ibiporã e Jataizinho há 14 cerâmicas, que empregam cerca de mil funcionários, com produção de 10 milhões de peças por mês. Proibidos de extrair argila, muitos ceramistas só estão trabalhando com o estoque da última estiagem. "A situação está gravíssima, se não arranjarmos uma solução, terei que fechar as portas", disse Cícero Negro, proprietário da Cerâmica Nossa Senhora Aparecida, que há quase 50 anos atua na região.

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"Legalmente as extrações não poderiam ser feitas nos terrenos desapropriados, mas a fonte de renda de muitas regiões foram abaladas com o alagamento de tantas jazidas de argila e areia e as indenizações foram feitas dentro de um regime repressor onde tínhamos que aceitar todas as determinações", desabafou Renato Tavares, presidente do Consórcio Intermunicipal da Bacia da Capivara (Cibacapi, que abrange 11 municípios da região). Ele também avalia que mais de 200 olarias foram desativadas depois da construção da represa Capivara.


Na próxima segunda-feira deve ser confirmada uma reunião entre os ceramistas e representantes da empresa que tem um escritório em Xavantes e sede em São Paulo. A Mineropar, a pedido dos ceramistas, espera concluir um estudo técnico sobre as áreas de extração em 45 dias e, junto com o IAP, estará avaliando a viabilidade das extrações nos terrenos sem que haja danos para o meio ambiente.


Perigo ambiental

O IAP faz um alerta para os perigos da extração de argila quando não há acompanhamento técnico adequado. "O assoreamento dos rios é o principal problema, fazendo com que fiquem rasos, prejudicando a fauna aquática. Precisamos encontrar um meio termo que resolva os problemas socio-econômicos da região e não prejudique o meio ambiente", informou Fátima Roque, chefe regional do IAP de Cornélio Procópio.


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