O governo do Estado descarta a possibilidade de seguir o exemplo federal e tirar o pé do acelerador no processo de privatização do setor energético. Enquanto o presidente Fernando Henrique Cardoso admite a hipótese de adiar a privatização de Furnas para 2002 ou de fazer uma pulverização na venda, o governo paranaense se mantém firme. Assegura que vai leiloar a Copel entre outubro e novembro deste ano e em um bloco único, que englobará geração, transmissão e distribuição.
Nem a crise energética que o País atravessa, nem o desgaste político que o governador Jaime Lerner sofrerá é empecilho para dar prosseguimento ao processo de privatização. "Que traz impopularidade traz, mas não podemos fazer nada. Paciência se prejudicar a eleição. Apenas lamentamos", afirmou ontem o chefe da Casa Civil, Alceni Guerra.
No ano passado, dias antes do leilão do Banestado, o secretário tentou convencer o governador a desistir da privatização do banco. Ele temia que prosseguir com o processo seria colocar em risco a reeleição do prefeito Cassio Taniguchi (PFL) que perdia terreno para o candidato Angelo Vanhoni (PT). "Era uma situação diferente, pois o adversário da privatização estava no palanque eletrônico. Mas fui voto vencido", relembrou.
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Alceni Guerra disse ainda que o fato de haver uma discussão em torno de Furnas não impedirá o Paraná de seguir adiante com a intenção de privatizar a Copel. "É evidente que esta é a hora de vender. O dinheiro que investiríamos em geração de energia poderá ser usado para a educação", afirmou.
Alguns analistas do setor de energia também avaliam que o impasse na venda de Furnas não interferirá na venda da Copel, pois as duas empresas vivem situações diferentes. O consultor da Tendências Consultoria, Armando Franco, ressaltou que a Copel está em dia com seu programa de geração, enquanto Furnas atrasou os investimentos e não cumpriu o cronograma de distribuição, o que prejudicou a interligação nas regiões Sul e Sudeste.
Além disso, a pressão política é mais intensa no caso de Furnas que tem como opositores da privatização o governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), e, veladamente, o presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves (PFL). Eles são uma ameaça ao processo eleitoral do próximo ano.
O consultor da Tendências avalia que a privatização da Copel não tem tanto impacto político. Também não provocará alteração no abastecimento de energia no País. O consultor ressaltou que a entrada da iniciativa privada no setor de energia fará com que haja um atraso nos investimentos de geração, no País. "Quem comprar a Copel demorará para investir, porque terá que se capitalizar", calculou.
O Brasil precisa de investimento imediato em geração de energia. Se mantiver seus índices de crescimento, o País necessitará de uma Itaipu a cada três anos para não ficar no escuro. O consultor defende que o governo libere as estatais para investirem em geração de energia, pois elas estão capitalizadas.