O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Guido Mantega, disse nesta terça-feira que o governo vai cobrar dos banqueiros medidas para aumentar o crédito.
"O governo Lula assumiu compromissos no final do ano passado, que cumpriu: devolver a credibilidade ao país, devolver os créditos, respeitar os contratos e trazer a estabilidade de volta", afirmou, acrescentando que agora é a vez dos banqueiros "cumprirem a sua parte", tomando medidas para aumentar o volume de crédito e reduzir o spread bancário.
"Sinto que há um compromisso dos banqueiros em fazer a sua parte. Estamos discutindo quais são os instrumentos que podem ser utilizados para alavancar o crédito", disse.
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Guido Mantega disse também que não haveria grande impacto nos lucros dos bancos caso fizessem reduções em juros cobrados em operações como crédito pessoal e crédito de cheque especial.
"Os bancos poderiam fazer uma forcinha a mais e reduzir certas operações de crédito; juros que são muito altos; crédito pessoal, fundamentalmente; aquele crédito dado ao cheque especial poderia ser muito menor. Eu diria que isso não iria afetar consideravelmente os seus lucros", afirmou.
O presidente Lula, segundo o ministro, fica preocupado ao perceber que o pequeno empresário está tomando crédito a juros de 40%, 50% e 60% ao ano, enquanto a inflação fica em torno de 12%, 15% ou 18%.
Mantega disse que ele próprio recebeu há alguns dias uma carta de um banco oferecendo crédito de cheque especial a 8,7% de juros.
"O capital de giro é uma necessidade do pequeno empresário e eu tenho certeza que os banqueiros, com o passar do tempo, encontrarão maneiras de reduzir essas taxas, intermediação e o spread bancário", observou.
Mantega participou na sede do Bradesco, em Osasco, da solenidade de assinatura de contrato do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da instituição para financiamento de exportações.
Do total de US$ 180 milhões de recursos que o Bradesco disponibilizará para crédito ao comércio exterior, o BID entrará com US$ 50 milhões.
Após a cerimônia, o ministro falou que não há por que se preocupar com pequenas oscilações na cotação do dólar, uma vez que o câmbio está satisfatório.
"O dólar está dentro de uma flutuação que não afeta nem a inflação nem a competitividade dos exportadores. Não podemos reclamar de barriga cheia", disse o ministro.
E lembrou a contradição nas críticas: quando o Banco Central não intervém no câmbio e o dólar cai, dizem que a instituição é ausente, mas quando intervém em uma operação absolutamente normal, dizem que está intervindo demais.
"Bancos Centrais de todo o mundo fazem algum tipo de operação nos vencimentos de títulos", explicou o ministro.