A Agência Nacional de Petróleo (ANP) deve anunciar hoje a liberação dos preços do óleo diesel em todo o País. A decisão foi tomada pelo governo federal. A portaria será publicada em Diário Oficial até amanhã pelos ministérios de Minas e Energia e Fazenda. Com a desregulamentação, as distribuidoras e os postos de combustíveis poderão definir o preço que melhor convier. A mudança passaria a valer a partir de segunda-feira.
A notícia sobre a liberação foi divulgada ontem pelo Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis). O presidente da entidade, Roberto Fregonese, disse que a decisão do governo causa expectativa no setor. "Nossa orientação inicial é para que os postos não façam qualquer alteração nos valores cobrados dos clientes", afirmou. Fregonese disse que é melhor esperar uma acomodação do mercado e avaliar como será o comportamento das distribuidoras.
O óleo diesel era o único combustível para veículos que ainda vinha sendo controlado pelo governo federal. A gasolina e o álcool tiveram os preços liberados há seis anos. Desde então, as distribuidoras e postos passaram a ditar as regras de fixação do preço ao consumidor. Mas em muitas cidades, os clientes percebem nas bombas que há uma padronização no valor cobrado, isto é, uma cartelização.
O setor varejista reclama da liberação no preço da gasolina e teme que a história se repita no diesel. "Na gasolina, houve uma redução da nossa margem de lucro de 20% para 10% sobre o valor de venda", disse Fregonese.
A margem de lucro com o diesel estava congelada em R$ 0,0752, há quatro anos. No início do ano, o governo aceitou rever os valores e concedeu mais dois centavos, sendo que 1,3 centavos foi para o posto e 0,7 para as distribuidoras. No dia 6 de abril seria feita nova revisão, mas o governo recuou e optou em liberar preços.
Alguns donos de postos disseram temer a liberação do preço do diesel. Um do sócios do Posto Nichele, Wanderlei Nichele, disse que haverá mais concorrência entre os estabelecimentos e isso poderá estimular práticas ilegais, como a adulteração de combustível. "A liberação é ruim porque há muita inadimplência e pode comprometer a qualidade do produto vendido. Pelo menos foi o que ocorreu com a gasolina", afirmou. O posto em que ele trabalha é um dos que mais vende óleo diesel na região de Curitiba. São em média 2 milhões de litros por mês.