A balança comercial brasileira registrou saldo comercial de R$ 11,3 bilhões no acumulado do ano, crescimento de 70% em relação a igual período do ano passado. Na terceira semana de julho, o superávit comercial foi de US$ 250 milhões. As exportações somaram US$ 1,262 bilhão e as importações US$ 1,012 bilhão.
Neste mesmo período, as exportações ficaram na média de US$ 252,4 milhões, 5,8% abaixo do que foi registrado até 2ª semana do mês (US$ 267,7 milhões). Uma análise feita pelo Ministério do Desenvolvimento atribui a queda à greve realizada pelos auditores fiscais, que, segundo empresários, promovem paralisações três vezes por semana nos portos de embarque das mercadorias e nas fronteiras.
De acordo com o presidente da Associação de Empresas Brasileiras para Integração de Mercados (ADEBIM), Michel Alaby, a greve influencia diretamente na diminuição do volume de exportações. "Não há dúvida que a greve afeta sensivelmente, porque temos o risco eventual de que os clientes, que dependem desses produtos brasileiros, possam encontrar novos fornecedores, já que são 185 países brigando pelo mesmo espaço no comércio mundial".
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Alaby sugere que os empresários reivindiquem à Receita Federal uma saída para a crise. "O ideal seria solicitar que os registros das operações fossem feitos posteriormente à embarcação dos produtos", defende. A opinião é compartilhada pelo diretor da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
Segundo ele, entre 10% a 20% das empresas do ramo já estão sendo prejudicadas com a greve e esse número pode dobrar se as paralisações continuarem. "Com mais duas semanas de atraso, as empresas não terão como exportar e sem entregar os produtos no prazo definido, a imagem do país fica prejudicada", argumenta Castro. A estratégia já foi utilizada no ano passado, quando o setor enfrentou uma outra greve.
A análise do ministério mostrou ainda que as importações cresceram cerca de 8,3% no mesmo período comparativo, motivadas, principalmente, pelo aumento das compras de equipamentos elétrico-eletrônicos, químicos, veículos automóveis, cereais, produtos de moagem, adubos e fertilizantes.
Para Alaby, a compra de produtos eletrônicos atende a uma demanda interna para as indústrias de fabricação e montagem de celulares. "As vendas nesse setor têm crescido muito", explica. Ele também acredita que as importações de peças de automóveis foram impulsionadas por acordos entre o Brasil e a Argentina e também com o México e que as compras não devem ser encaradas com uma tendência. Ainda há, na opinião dele, a influência do trigo e de adubos e fertilizantes, que nesse período dobram por causa do início da safra. "Não é correto dizer que esse cenário irá persistir", completa.