No mês de maio, a taxa de inadimplência no comércio de Curitiba e região metropolitana atingiu 7,83%, índice bem superior à media dos últimos 12 meses que apresentou variação de 4,35%. O índice de inadimplência e o recuo nas vendas a prazo de 1,38%, apurados pela Associação Comercial do Paraná (ACP), no mesmo mês, já refletem a tensão que atingiu o mercado financeiro com a crise argentina, do Senado Federal, da desvalorização cambial e por fim o drama da energia elétrica, avalia o vice-presidente de Serviços da ACP, Élcio Ribeiro.
Em São Paulo, a direção das lojas Arapuã detectou retração no consumo de 5% a 10% no mês de maio. Segundo Marcelo Ramos, gerente de Relações Financeiras, o consumidor parou de comprar desde que surgiram as crises no Senado e o agravamento da crise cambial. "E agora está mais assustado ainda com a ameaça do apagão", acrescenta.
A taxa de inadimplência registrada pela ACP em maio representa um aumnto de 1,07% sobre a taxa de abril, que atingiu 6,34%. Apesar do número expressivo, Ribeiro considera a situação sob controle. Ele explica que o aumento na taxa de inadimplência este ano é resultado de mudança de metodologia recomendada pelo Banco Central. Ou seja, os números de entrada e saída do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) registrados no mês são confrontados com resultados apurados há três meses. "Por isso, que as taxas estão mais elevadas", mas ainda não são preocupantes, reitera o empresário.
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Por outro lado, ele não revela tranqüilidade em relação à tendência das vendas no comércio, que já registrou recuo nas vendas em maio, que é o segundo melhor período de vendas após o Natal, por causa do Dia das Mães. Ribeiro admite que as seguidas crises políticas e financeiras que vêm ocorrendo desde o mês de março estão respingando no desempenho do comércio. "Se não fossem esses problemas, estariamos numa situação bem melhor", declara.
Ribeiro diz que as seguidas alterações na taxa de juros Selic, decididas pelo Procon é uma clara sinalização do governo em direção a um desaquecimento na economia e o comércio deve refletir isto a partir de junho, acredita.
Um sintoma de que as vendas estão em baixa é a demora das financeiras em repassar as recentes altas de juros para o crédito direto ao consumidor. Na rede de lojas Arapuã, o plano de pagamento para venda de eletrodomésticos e eletroeletrônicos está se mantendo em até 15 pagamentos com taxas médias de 6,5% ao mês. Segundo Miranda, esse plano não foi alterado nos últimos dois meses, apesar do movimento do Copom que reajustou as taxas por três vezes seguidas. Miranda diz que o crediário na Arapuã é terceirizado, mas ele não acredita que haja espaço para o repasse da alta dos juros.