Inflação mantém cenário positivo em julho e reforça tese de recuo da taxa de juros já em agosto
...A inflação medida pelo IPCA-15, índice calculado e divulgado pelo IBGE, ficou em 0,11% no mês de julho contra 0,12% em junho. No resultado acumulado do ano, o índice aponta alta de 3,62% e 6,84% no acumulado dos últimos 12 meses. O resultado ficou ligeiramente acima de nossas expectativas: 0,07% e pouco abaixo do consenso do mercado (0,15%).
A relativa estabilidade observada no indicador entre os meses de julho e junho deveu-se, em grande parte, ao aumento nos preços das tarifas de telefonia fixa (2,41%) e energia elétrica em algumas praças (Recife 4,95%; Goiânia 2,28% e Curitiba 2,15%), fatores que mais que compensaram a forte queda registrada no grupo Alimentação e Bebidas (-0,86%) e também nos combustíveis (álcool -3,98% e gasolina -0,5%).
Mesmo o IPCA-15 sofrendo a forte influência altista de alguns preços administrados (telefonia e energia elétrica), os preços sensíveis ao nível da demanda permaneceram com variação moderada refletindo o baixo nível de emprego e renda na economia.
O resultado do IPCA-15 de julho reforça nossa tese de o processo de redução da taxa de juros básica (Selic) ocorrerá em agosto, contrariando uma parte dos analistas do mercado que aposta em corte somente em setembro. O cenário será reforçado pelo registro de nova deflação nos IGPs a serem divulgados neste mês. É importante destacar esse ponto, pois, como divulgamos recentemente, a taxa de juro real no Brasil é a maior do mundo (14,1%) e quanto mais o tempo passa e essa situação persiste, maior será o efeito negativo sobre alguns setores da economia que dependem do consumo doméstico.
Neste sentido, o quanto antes iniciar o processo de redução da taxa de juros, melhorando as condições do crédito (custo e volume), mais rapidamente os setores produtivos reagirão ao estímulo e certamente as pressões negativas geradas pelo cenário político conturbado sobre os ativos financeiros domésticos serão amenizadas.
EXPECTATIVA PARA O IPCA "CHEIO" DE JULHO
A expectativa é de que, ao longo do mês de julho, haja reversão ou redução da tendência de queda observada em alguns grupos nos últimos meses, principalmente em Alimentos, e também que os reajustes de preços administrados ampliem sua pressão de alta.Dessa forma, nossa projeção para o IPCA cheio de julho aponta para uma variação ao redor de 0,35%.
Nordeste do Brasil