As montadoras de veículos instaladas no Paraná tiveram queda de produção de 30% em junho, bem maior que a média nacional, que apresentou redução de 16%. A principal causa disso foi a retração econômica causada pela crise energética. Os dados foram divulgados pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba e Região Metropolitan e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese).
"No Paraná, há grande fabricação destinada à exportação, que ficou prejudicada pelas crises em outros países, principalmente a Argentina", disse o economista do Dieese, Cid Cordeiro. As vendas de caminhões e ônibus para a Argentina, por exemplo, caíram 60%. Segundo ele, também houve concentração de férias coletivas no mês, o que colaborou para o índice negativo.
Foram fabricados 15.482 veículos e máquinas agrícolas no Paraná em junho, contra 21.932 no mês anterior. A produção nacional foi de 168.954 e 201.448, respectivamente. De acordo com Cordeiro, por causa da maior queda registrada no Paraná, o Estado não vai conseguir cumprir com a meta de participação nacional de 12%, como o Dieese e o sindicato previam até maio. Em junho, a fabricação de veículos no Paraná representou 9,77% do total no Brasil.
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No primeiro semestre deste ano, as fábricas no Paraná produziram 76% a mais do que no mesmo período do ano passado. Para Cordeiro, esse valor teria que ser ainda maior. "As empresas estavam expandido a capacidade de produção neste ano", observou.
Todas as montadoras instaladas no Estado (Renault, Volkswagen/Audi, Chrysler, Volvo) diminuíram a produção em junho, com exceção da New Holland, que aumentou em 5%. O secretário geral do sindicato, Cláudio Gramm, explicou também que a queda foi grande porque em maio as montadoras anteciparam produção. "Em maio a produção foi acima da média, e as fábricas ficaram com estoques, com medo de que ocorressem apagões", afirmou Gramm.
De acordo com Gramm, as montadoras estão revendo para baixo as perspectivas de produção. Segundo ele, a Renault estima fabricar cerca de 80 mil veículos, e não mais 96 mil. A fábrica não confirmou a informação. A assessoria da Volkswagen/Audi afirmou que vai cumprir a meta de produção estimada, de 110 mil automóveis.
O número de empregos nas montadoras paranaenses caiu 4,46% no primeiro semestre deste ano. Mas na avaliação do sindicato, não devem ocorrer novas demissões nos próximos meses. "Onde existe maior risco de demissões é na cadeia produtiva", observou Gramm.
Gramm defende o aumento salarial para trabalhadores como uma forma de reavivar a economia e possibilitar que a indústria tenha novamente crescimento. As federações dos trabalhadores metalúrgicos, da alimentação, da indústria, do turismo e da saúde, e os sindicatos das secretárias, dos hoteleiros e dos comerciários, entre outros, decidiram unificar a campanha salarial deste ano, pedindo reajuste de 15%, o que está em fase de negociação.