No embalo do crescimento nacional do setor de aviação, os aeroportos do Paraná registram números positivos. Em 2009, no quesito embarques e desembarques de passageiros, o Aeroporto de Maringá, administrado pela prefeitura municipal em conjunto com a iniciativa privada, cresceu 47%. Os aeroportos de Curitiba (Afonso Pena) e de Londrina, administrados pela Infraero, cresceram, respectivamente, 13% e 12%. Em Foz do Iguaçu, também de responsabilidade da estatal brasileira, o aumento foi de 5%, menor do que os demais; porém o aeroporto da cidade da Tríplice Fronteira deve estar saturado em 2013 a se confirmar a previsão de crescimento da Infraero. No Afonso Pena, a saturação do terminal de passageiros é prevista para 2020. Para Londrina, os números mostram que a capacidade máxima do terminal também está próxima de ser atingida. Este ano deve fechar com um movimento de 650 mil passageiros. A capacidade máxima é de 800 mil.
Essas projeções de crescimento não levam em conta a realização da Copa do Mundo de 2014, da qual Curitiba deve ser uma das sedes, e nem das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.
Agrava a situação o fato de o Plano Aeroviário do Paraná estar vencido desde o ano passado, impossibilitando a construção de novos aeródromos no Estado (veja nesta página). A Infraero promete investir nos próximos anos em seus quatro aeródromos. Já para os 35 outros aeroportos estaduais não há previsões de grandes investimentos por parte do poder público.
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Para o professor titular do departamento de transporte aéreo do Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA) Cláudio Jorge Alves, os paranaenses, além de se preocuparem com os aeroportos do Estado devem também voltar seus olhos para a capital paulista - Congonhas e Guarulhos.
‘Em São Paulo, não basta só ampliar a infraestrutura. Congonhas não dá nem para crescer, é impossível. Em Guarulhos, acaba de ser suspensa uma obra de ampliação para não causar uma onda de atraso nos voos; 35% do tráfego aéreo brasileiro passa por esses aeroportos. É um gargalo que prejudica todo o País, inclusive o Paraná, que têm muitos voos passando por lá’, ressalta o professor.
Alves fez parte de um estudo encomendado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) concluído em julho que constatou que investir em estrutura nos aeroportos é questão de emergência.
‘A viabilidade econômica faz com que as grandes companhias mantenham suas rotas passando por São Paulo. O fortalecimento da aviação regional poderia ser uma boa alternativa, mas a dificuldade está na infraestrutura, com os aeródromos existentes nas pequenas cidades, muitas vezes, não tendo condições de receber nem aviões de menor porte’, explica o especialista.
‘Não é função do governo’
Ainda que a Infraero e municípios tenham anunciado investimentos para os próximos anos, a mudança não será significativa, segundo o especialista, Richard Dubois, sócio-responsável pela infraestrutura da Price Water House. ‘Mesmo que se faça muita coisa hoje, vamos continuar com problemas nos aeroportos’, antecipa.
Um dos grandes problemas que ele destaca da falta de estrutura da aviação brasileira é o fato de a maioria dos aeroportos serem administrados pela Infraero e pelas prefeituras. ‘Não é função do governo. Se os aeroportos do Paraná continuarem sendo administrados pelas prefeituras, continuarão defasados e carentes de investimentos.’
Segundo ele, com aeroportos ineficientes vários produtos que são transportados via aérea têm seu preço onerado. ‘Remédio é mais caro no Brasil porque aeroporto não funciona. Mesmo quem não viaja de avião há anos, está pagando a conta’, revela. ‘O mais radical seria abrir o capital da Infraero. Tem muitos operadores querendo investir no Brasil, mas não conseguem’, completa Dubois.
ILS longe de ser instalado em Londrina
Construído no final da década de 1940, o aeroporto de Londrina Governador José Richa já foi o terceiro lugar no ranking de aeródromos mais movimentados do Brasil. Contudo, a posição alcançada durante o desenvolvimento da região Norte do Paraná devido ao café manteve-se apenas por pouco mais de uma década.
Desde então, ainda que seja considerado um dos principais do Brasil, enfrenta problemas que começam a ser resolvidos ou ainda não têm previsão. Um deles, a instalação do ILS, aparelho que auxilia pousos e decolagens. Outro, o funcionamento do Terminal de Cargas, inaugurado em 2008, com atuação inexpressiva até hoje.
Para o superintendente da Infraero de Londrina, Marcos Vinicius Pio, estas são questões que não colocam a eficiência do aeroporto em questão. ''Sempre trabalhamos com o conceito de fazer antes que o problema chegue. Já realizamos várias obras e teremos outras ao longo do ano, como a ampliação da sala de embarque''.
Segundo ele, estão previstos R$ 3,9 milhões para reformas da área central, entre outros pequenos reparos. ''A instalação do ILS depende de uma série de fatores, mas as ações para esse fim já avançaram mais no último ano que em relação aos 14 anteriores, quando começou a ser discutido.''
Sobre o Terminal de Cargas, Pio diz que, com a ampliação da pista em 600 metros, aeronaves que hoje não podem atuar com sua capacidade máxima, terão essa possibilidade.