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Crise hídrica

Agronegócio começa a contabilizar perdas com a falta de chuva

Agência Brasil
30 jan 2015 às 17:06

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- Divulgação/Agência Brasil
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A falta de chuvas começa a revelar prejuízos no setor do agronegócio brasileiro. São muitos os efeitos da escassez de chuvas sobre a produção de hortaliças, e também a pecuária vem sentindo impactos da crise hídrica, disse à Agência Brasil o presidente da Associação de Pequenos Produtores Rurais de Monteiro Lobato e Região, José Augusto Rosa Santos. "Em todo o estado de São Paulo, a situação está complicada", afirmou Santos.

O diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Helio Sirimarco, disse que algumas áreas agrícolas brasileiras "já têm indicação de perdas, de quebra de safra e de produtividade". Segundo Sirimarco, a situação é mais séria em Goiás, onde a Federação de Agricultura e Pecuária estima que pelo menos 15% da produção total do estado, o que equivale a 1,4 milhão de toneladas de soja, estariam perdidos devido à seca. Caso essa perda se confirme, Sirimarco calcula prejuízo financeiro de R$ 1,2 bilhão.

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Em Mato Grosso, há indícios de problemas localizados, decorrentes mais de queda de produtividade. "No restante do país, por enquanto, nada mais sério", informou Sirimarco. No Sudeste, as culturas mais afetadas, até o momento, são café e cana. Para ele, a soja e o milho são os plantios que mais preocupam: já foram colhidos entre 5% e 6% da safra de soja em Goiás, mas ainda é cedo para ter uma visão mais clara do que vai ocorrer em nível nacional. Sirimarco acredita que as chuvas anunciadas pelo serviço de meteorologia devem aliviar a parte de café e cana, no Sudeste, e a de grãos, no Centro-Oeste.

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De acordo com Sirimarco, os produtores têm duas alternativas para enfrentar a situação: uma é rezar para que caia água e a segunda, adotar o modelo de seguro adotado nos Estados Unidos para proteger a produção. "Precisamos ter uma legislação que assegure mecanismos de seguro agrícola eficazes. O modelo norte-americano funciona muito bem e poderia ser adotado no Brasil, com adaptações."

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Na opinião do diretor da SNA, a forma adotada atualmente no Brasil não protege na extensão em que deveria proteger. Ele informou que em Goiás, no ano passado, apenas 14% da área plantada, ou o equivalente a 825 mil hectares, foram segurados e estimou que, nos demais estados, não ocorreu coisa muito diferente.


Para o coordenador do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (GV Agro), Roberto Rodrigues, há dois tipos de problema. O primeiro é a falta de chuva nas culturas de verão. "Algumas regiões do país foram duramente afetadas, o Sudeste, particularmente, nas áreas de milho e soja". Isso ocorre no sul de Minas e no Triângulo Mineiro, em São Paulo e no oeste da Bahia, apontou. Ex-ministro da Agricultura, Rodrigues aponta perdas significativas em algumas áreas. "No oeste da Bahia é muito grave, porque é o quarto ano de seca", disse o ex-ministro à Agência Brasil.

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Outro problema que ainda não está contabilizado é o de culturas que dependem de irrigação – em algumas áreas, que só produzem feijão irrigado em períodos de seca, ainda não há clareza sobre a dimensão dos prejuízos – sem falar no preço da água e na própria falta d'água. Isso pode representar uma perda significativa de volume de produção, com aumento no preço dos produtos, mas ainda não está calculado, porque não se sabe qual será a dimensão da falta d'água".


Rodrigues estimou que somente no final de março, quando se encerra o período chuvoso, o panorama ficará mais visível. Ele destacou, entretanto, que a safra de cana já está comprometida. Se chover, pode haver uma recuperação, mas os canaviais não se desenvolveram devido à seca em janeiro. "Estou muito preocupado com a oferta de cana este ano". Outros dois produtos, como laranja e café, também dependem de água e apresentam um agravante, que é o fato de suas flores se ressentirem do calor intenso e mostrarem perda das floradas iniciais. "Vamos ter também queda de produção com os dois."

Roberto Rodrigues teme ainda problemas sérios na oferta de pastagens na Região Sudeste, principalmente em São Paulo e em Minas Gerais, o que pode levar os pecuaristas a vender gado mais cedo. "Não é um cenário catastrófico, mas também não é simpático", afirmou.


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