O aumento nos preços dos produtos comercializados nos supermercados relacionados à variação das matérias-primas agrícolas deverá afetar o desempenho das vendas do setor neste primeiro trimestre de 2011, segundo o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda. "Nossa preocupação é com o preço, que pode resultar na queda do volume vendido nos supermercados, sobretudo entre as classes C e D", afirmou hoje, acrescentando que estes consumidores são mais sensíveis aos efeitos da inflação, que diminui o poder de compra.
Sobre as perspectivas do setor para 2011, Honda avaliou que "não será um ano ruim", mas com o desempenho refletindo um menor ritmo de crescimento das taxas de emprego e renda, quando comparados a 2010. Ele destacou ainda que o aumento do comprometimento do orçamento das famílias com financiamento de bens duráveis e a alta dos juros também devem desacelerar as vendas este ano. A projeção da Abras é de um crescimento de 4% das vendas reais nos supermercados em 2011. "O ritmo das vendas dependerá do comportamento dos preços", salientou.
O dirigente acrescentou que outro fator a influenciar as vendas reais neste primeiro trimestre de 2011 será a forte base de comparação com igual período de 2010. As vendas reais acumuladas pelo setor entre os meses de janeiro e março de 2010 subiram 8,6% em comparação ao mesmo intervalo de 2009, de acordo com a Abras. "As vendas continuarão em alta (no primeiro trimestre), mas a base de comparação deve reduzir (porcentualmente) as vendas", disse.
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Segundo ele, a desaceleração no ritmo de crescimento das vendas reais nos supermercados no acumulado do ano passado, que foi de 4,2% - ante expectativa de 4,4% a 4,5% -, ocorreu pela alta dos preços registrado nos últimos meses de 2010. O valor da cesta de 35 produtos considerados de largo consumo nos supermercados apontou alta de 2,19% em dezembro ante novembro, após ter avançado 4,8% em novembro ante outubro e 3,59% em outubro ante setembro.
Em 2010, os produtos que registraram as maiores altas, de acordo com levantamento de preços da Abras, foram feijão (+51,6%), papel higiênico (+43,3%), carne traseiro (+34,9%), queijo mussarela (+34,3%), queijo prato (+32,8%), frango congelado (+27,9%), carne dianteiro (22,9%) e açúcar (+22,8%).
De acordo com Abras, o maior reajuste nos preços ocorreu no Nordeste, com alta de 3,96% em dezembro ante novembro, para R$ 261,49; em seguida ficou o Sul, com aumento de 3,90%, para R$ 327,14; o Centro-Oeste, com incremento de 2,17%, para R$ 295,21; Sudeste (+1,29%, para R$ 289,05) e Norte (+0,18%, para R$ 355,57).