A decisão do Copom de elevar a taxa básica de juros (selic) de 12% para 12,25% na quarta-feira, 8, reflete a preocupação do governo no que concerne ao cenário inflacionário de longo prazo, na avaliação do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Ele fez o comentário ao ser questionado sobre a decisão de alta de juros dentro de um contexto onde os indicadores inflacionários mostram sinais de desaceleração ou de queda - como foi o caso da primeira prévia do IGP-M de junho anunciada hoje pela fundação (-0,09%).
O especialista comentou que, embora os indicadores inflacionários, na margem, estejam mostrando sinais de uma trajetória descendente, o mesmo não se pode dizer do ambiente inflacionário ao ser projetado em um horizonte mais longo. Quadros lembrou que a inflação dos serviços livres continua persistente no varejo.
Ao mesmo tempo, o ano de 2012 contará com outro reajuste expressivo no preço do salário mínimo, que ajudará a intensificar a demanda no mercado doméstico, e com isso elevar preços. "Os salários, o rendimento do pessoal ocupado no mercado de trabalho é um item de custo muito importante. Isso continua na cabeça de quem olha o futuro da inflação, mais do que resultados de queda de indicadores inflacionários agora no presente. Creio que foi pensando neste contexto que eles resolveram subir os juros", avaliou.