Como o yuan tem sua cotação atrelada ao dólar, a valorização do real em relação à moeda norte-americana tem sido o fator determinante para que produtos brasileiros percam mercado para os chineses tanto no mercado internacional quanto no Brasil. A avaliação foi feita hoje pelo gerente-executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco.
De acordo com sondagem divulgada hoje pela entidade, 67% das empresas exportadoras brasileiras que competem com companhias chineses perderam clientes no mercado externo, enquanto 45% da indústria nacional que enfrenta essa concorrência perderam participação no mercado brasileiro.
Segundo Castelo Branco, o aumento da concorrência nos últimos anos está diretamente ligado ao preço dos produtos chineses. O economista lembrou que os custos de produção no país asiático são consideravelmente que no Brasil por diversos motivos: os menores salários e encargos sobre a folha de pagamentos, as taxas de juros mais favoráveis, a menor tributação e burocracia para exportação, as menores exigências de conformidade para os produtos, a melhor eficiência de infraestrutura e a maior escala de produção.
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No entanto, destacou Castelo Branco, apesar desses inúmeros fatores estruturais que dão vantagem à China no comércio internacional, a concorrência com os chineses aumentou justamente a partir do momento em que o câmbio brasileiro acelerou sua valorização. "As dimensões estruturais pouco mudaram nos últimos anos, a grande alteração está na valorização do nosso câmbio. Esse é o fator mais determinante para o aumento da concorrência e da penetração dos produtos chineses", avaliou.
Para o executivo, além da ampliação das estratégias para enfrentar a competição com a China, por via de redução dos custos e investimentos em qualidade e design, é preciso enfrentar a questão cambial. "É preciso ter menos dependência da taxa de juros para controle da inflação, pois o diferencial de juros brasileiro favorece a entrada de dólares no País e pressiona ainda mais a cotação da moeda. E se a gente não avança nas agendas de competitividade em uma velocidade adequada para enfrentar essa concorrência, o quadro se torna mais preocupante", completou.