O potencial agrícola da América Latina está atraindo uma parcela considerável dos investimentos em novas tecnologias do setor agroquímico, de acordo com o presidente da Syngenta para a região, Antonio Carlos Guimarães.
Segundo ele, dos US$ 5 bilhões anuais investidos pela indústria por ano, 35% estão orientados para novos produtos a serem usados na região, o que corresponde a uma parcela de 16,9% do faturamento do setor no mercado latino-americano.
"Esse porcentual supera o da indústria farmacêutica, que investe 15,6% do faturamento em pesquisa", afirmou. Em termos mundiais, a indústria agroquímica investe 9% do faturamento em pesquisa e desenvolvimento, ante 7,5% da indústria de softwares, 4,2% da aeroespacial e 4% da indústria automobilística.
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De acordo com Guimarães, o setor tem 40 novos ingredientes ativos e 80 eventos de biotecnologia a serem lançados nos próximos dez anos, parte deles na AL, que concentra 41% das áreas agricultáveis do mundo, segundo dados apresentados pelo executivo.
"A combinação de itens como água abundante, terra disponível e produtores especializados, junto com a crescente demanda por alimentos, faz da América Latina uma grande oportunidade. Estamos no lugar certo na hora certa", disse ele, após participar do Crop World South America 2011, evento que acontece hoje e amanhã em São Paulo.
Produtividade
O aumento da produtividade será um grande desafio nos próximos anos, na opinião do executivo, que entre outros fatores listou as mudanças climáticas como um deles. Alheia à polêmica sobre se o mundo vive ou não um período de elevação das temperaturas, a indústria agroquímica já inseriu o cenário de aquecimento em suas planilhas de desenvolvimento de novos produtos há pelo menos cinco anos. Para Guimarães, os eventos climáticos extremos, além de serem responsáveis por parte do rali dos preços dos alimentos nos últimos anos, também injetaram uma boa dose de incerteza na perspectiva de aumento da produção agrícola.
"Segundo pesquisa da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), antes de 1900 os eventos El Nino/La Nina ocorriam a cada sete anos. A partir do ano 2000 eles passaram a ser anuais", cita ele como exemplo da mudança. "Os eventos climáticos inesperados são cada vez mais comuns e trazem incertezas à produção, mesmo com o esperado aumento de produtividade", diz.
Gerhard Bohne, diretor de operações de negócios no Brasil da Bayer, diz que há pelo menos cinco anos as mudanças climáticas têm sido levadas em conta pela área de pesquisa das empresas. "Temos pesquisado plantas e sementes resistentes às variações climáticas, resistentes à seca por exemplo. Há também uma alteração nas ocorrências de pragas e doenças que afetam a agricultura", diz. "A inovação tecnológica vai ser a chave para lidar com essas questões."