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Avaliação do Bird

América Latina deve se adaptar a ter moeda valorizada

BBC Brasil
14 abr 2011 às 09:42

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Os países da América Latina, entre eles o Brasil, precisam aprender a conviver com uma moeda local mais apreciada, disse nesta quarta-feira o economista-chefe do Banco Mundial (Bird) para a região, Augusto de la Torre, em Washington.

Ao apresentar o relatório O Êxito da América Latina se Submete à Prova, o economista disse que esse seria um dos fatores para que os países da região possam lidar com as "tensões na formulação de políticas econômicas" que começam a surgir após o período de recuperação da crise mundial.

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Muitos países da região, inclusive o Brasil, vêm enfrentando grande apreciação em suas moedas. No Brasil, a valorização do real frente ao dólar é uma preocupação do governo porque acaba tornando as exportações brasileiras menos competitivas no mercado internacional.

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De la Torre diz que concentrar os esforços no aumento de produtividade seria uma das maneiras de aprender a conviver com essa nova realidade e manter o crescimento da economia.

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Esse cenário de câmbio mais valorizado, porém, precisa refletir o que o Banco Mundial chama de "fatores fundamentais": melhores perspectivas de crescimento, comércio favorável e altos níveis de fluxo de capital não-especulativo.


Desafios

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De acordo com o Banco Mundial, o bom desempenho dos países latino-americanos após a crise mundial, com recuperação mais forte que em crises anteriores e também mais forte que a registrada entre as economias avançadas, entra agora em uma fase de "amadurecimento", que traz consigo desafios para as autoridades.


Além dos riscos externos, associados a fatores como o ritmo ainda lento de recuperação das economias avançadas e ao aumento dos preços das matérias-primas, há também riscos internos.

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Por um lado, é necessário controlar a inflação, em meio a um aquecimento econômico e aos crescentes preços internacionais dos alimentos e dos combustíveis. Ao mesmo tempo, esses governos tentam evitar uma apreciação "excessiva" de suas moedas, em um contexto de preços elevados e potencialmente voláteis das matérias-primas (produtos exportados por muitos desses países) e de aumento dos fluxos de capital.


Ambos os desafios são vivenciados pelo Brasil, onde o governo já vem desde o ano passado adotando medidas para tentar conter o fluxo excessivo de capital estrangeiro (atraído principalmente pelas altas taxas de juros do país) e em um momento em que as projeções de inflação rondam os 6,5%, teto da meta estipulada pelo governo (cujo centro é de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo).

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Crescimento e inflação


"O ritmo de crescimento não-inflacionário que a região pode suportar está chegando ao limite", diz De la Torre, ao observar que muitos países latino-americanos começam a enfrentar limites em suas capacidades produtivas, o que gera pressões inflacionárias.

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As pressões inflacionárias são reforçadas pelos aumentos dos preços dos alimentos e dos combustíveis. Em uma tentativa de "esfriar" a economia e manter a inflação sob controle, os bancos centrais elevam as taxas básicas de juros, o que acaba atraindo grandes fluxos de capital de curto prazo e provocando a apreciação das moedas locais.


"É por tudo isso que o espaço de manobra da política macrofinanceira se restringiu significativamente", diz o relatório.

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Segundo o documento, na tentativa de encontrar soluções "híbridas" para esses desafios, os países acabam colocando uma carga maior sobre a política monetária (ajuste da taxa de juros), enquanto a política fiscal (controle de gastos públicos) fica em segundo plano.


Esforço fiscal


O Banco Mundial diz que os países precisam adotar um esforço fiscal que possa gerar maior superavit primário (dinheiro separado para o pagamento de juros e da amortização da dívida pública), mas sem colocar em risco as políticas sociais.


No Brasil, segundo De la Torre, os mercados internacionais reconhecem que foram adotadas "importantes medidas fiscais" para conter o ritmo de crescimento dos gastos. "Mas isso não quer dizer que não se possa nem que não se deva fazer mais", diz o economista.


"Eu acredito que há espaço no Brasil para que o ritmo de crescimento dos gastos siga diminuindo", diz De la Torre, ao observar que um ritmo de crescimento de gastos menor ajudaria a tirar o peso sobre a taxa de juros, "que faz com que a moeda esteja sobre grande pressão de apreciação.

De modo geral, diz o relatório, se quiserem manter as conquistas sociais obtidas até agora e atingir uma tendência de crescimento mais "robusta", os governos da América Latina e do Caribe precisam também investir em infraestrutura, inovação e capital humano.


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