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"Ouro preto"

ANP investiga poços de petróleo no noroeste do Paraná

Mariana Guerin/Folha de Londrina
12 ago 2010 às 12:01

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"Se acharem petróleo, é claro que vai ser bom para a cidade. Bastante gente virá para movimentar a economia local". A afirmação do gerente de hotel Aparecido Sergio Pacheco, 42 anos, reflete o sentimento dos paranaenses de Goioerê (Noroeste), que estão convivendo há cerca de um mês com uma equipe da Georadar, empresa mineira terceirizada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para tocar o projeto de aquisição sísmica e geométrica da bacia do Paraná.

Segundo o chefe da equipe, Luiz Antonio Sá, são diversas as etapas a serem cumpridas até que se prove que há petróleo no subsolo paranaense. Será necessária pelo menos mais uma década de pesquisas até que se inicie a exploração do combustível no Estado, mas só a presença dos técnicos já levanta burburinho nas cidades.

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Há três meses no Paraná, a empresa montou uma base na cidade de Roncador, a qual comanda outras três sub-bases em Engenheiro Beltrão, Goioerê e Iporã. Ao todo, mais de 500 funcionários entre técnicos agrícolas, engenheiros agrônomos, geofísicos, detonadores e auxiliares administrativos participam da ação, que deve terminar em dezembro.

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Obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) orçada em R$ 62 milhões, o projeto teve início há dois anos e já passou pelos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que compõem a bacia sedimentar do Rio Paraná.

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Conforme ele, após a obtenção da licença ambiental com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), técnicos agrícolas iniciaram o trabalho de permissoria, que consistiu em obter o aval dos donos das propriedades rurais para a instalação das sondas. ''Até hoje não houve nenhum entrave por parte dos produtores rurais, até porque a ANP tem respaldo da lei para explorar o subsolo, que não pertence ao agricultor mas à União'', explica.


Topografia

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A etapa seguinte é a de topografia, na qual é feita a demarcação da linha de pesquisa, com mais de dois mil quilômetros de extensão. Esta linha é formada por estacas fincadas a cada 25 metros de distância umas das outras, contendo os dados do estudo. Em seguida, começa a sondagem, que nada mais é a que perfuração e colocação de explosivos no solo, os quais, depois de detonados, geram as ondas captadas pelos sismógrafos, computadores que processam os dados e os transformam nas imagens utilizadas na pesquisa.


Por questões ambientais, a empresa resolveu diminuir a quantidade de explosivos e aumentar a profundidade destes no solo para a detonação. ''Isto gera um sopro menor e foca a energia no solo, onde ela é necessária para a geração de imagens'', explica o geofísico da ANP André Rugenski, especialista em geologia e geofísica do petróleo. ''Por isso não há uma grande explosão, mas um pequeno abalo do solo após a detonação do explosivo'', justifica.


Ainda de acordo com Rugenski, cada explosivo é colocado no solo a uma profundidade de cinco metros, mas é capaz de explorar imagens do subsolo com até seis quilômetros de profundidade. ''Depois da detonação, é possível obter as primeiras imagens do subsolo em quatro ou cinco meses e todos esses dados são armazenados no banco de petróleo da ANP, que fica no Rio de Janeiro.''

''Vai de no mínimo um ano até o máximo de dez anos para que outras empresas explorem a área com outras pesquisas até a retirada do petróleo propriamente dita'', completa Rugenski, citando que o Paraná já conta com dois poços sub-comerciais de petróleo na cidade de Mato Rico, entre Roncador e Pitanga. ''Pertencem à Petrobrás desde 1998 mas estão fechados porque a empresa não se interessou em explorá-los comercialmente.''


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