O mercado de consórcios chegou ao terceiro resultado de crescimento mensal na venda de novas cotas, com 221 mil em agosto ante 182 mil em julho, e começa a esboçar uma reação em relação ao ano passado, conforme dados do balanço mensal da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC). Após um início de ano com oscilação diante da crise econômica pela qual o País passa, o setor aproveitou a recuperação de confiança dos consumidores para tentar vencer os percalços da recessão econômica nacional.
Depois da última queda na venda de novas cotas no comparativo mensal, de 172 mil em abril para 165,8 mil em maio, houve altas consecutivas em junho (169,5 mil), julho (182 mil). Em agosto, dados preliminares já apontam para alta de 221 mil, conforme a ABAC.
Por outro lado, o resultado no acumulado do ano ainda está negativo ante o mesmo período de 2015. De janeiro a julho, a retração estava em 11,7%, de 1,36 milhão no período do ano passado para 1,20 milhão neste ano. A queda é ainda maior no volume de créditos comercializados, com 15,7% a menos. O total foi de R$ 50,47 bilhões para R$ 42,57 bilhões.
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Para o presidente executivo da ABAC, Paulo Roberto Rossi, há boas chances de continuidade de crescimento no segundo semestre. Ainda, ele acredita na possibilidade de vários setores fecharem 2016 com alta ante o ano passado. Ao menos nos ativos administrados já há alta de 6,8%, ao passar de R$ 161 bilhões para R$ 172 bilhões nos sete meses de cada ano.
NOVAS ESTRATÉGIAS
No Paraná, as administradoras de consórcio investiram em ampliação da força de vendas e de opções para os clientes, para ficar com os resultados "no azul". Uma empresa londrinense do setor, por exemplo, criou novos formatos de grupos. O valor máximo para imóveis, que era de R$ 250 mil, passou a até R$ 600 mil. No caso de motos, os que compram cotas para um bem de até 14 mil podem migrar para um plano de carro quando contemplados. No caso de veículos leves, pode-se ampliar a cota sorteada em até 30%. Ainda, é possível usar até 20% do valor da carta de crédito para fazer o lance nas principais modalidades, diz o diretor comercial de uma associação de administradoras de consórcios, Sebastião Cirelli.
Ele conta que a restrição de crédito em bancos fez com que as cotas em grupos voltassem a ser atrativas, mesmo com a crise. Segundo ele, até agosto, uma das empresas cresceu 5% em relação ao ano passado e em todos os segmentos. "A partir de junho, o cenário melhorou porque tivemos o resultado final do impeachment, ainda que o que esteja aí não seja necessariamente bom", completa.
No caso de uma empresa do setor de Maringá, a variação de janeiro a agosto já é positiva em 9%. "Temos fortalecido o nosso processo de vendas, com a adesão de novas empresas", conta o diretor da empresa, Reinaldo Bertini. Ele destaca ainda a participação na associação de administradoras que permite a formação de grupos com participantes de todo o País. "Assim, temos mais capacidade de investimento, tecnologia e expertise. Grande parte do resultado vem disso", cita.