Argentina e Brasil voltaram a jogar um clássico das relações bilaterais: conflitos comerciais e acusações mútuas de medidas unilaterais protecionistas. O governo de Cristina Kirchner considerou "inaceitável" a determinação do governo brasileiro de exigir licenças não automáticas para importação de produtos perecíveis, como maçãs, peras, alho, farinha de trigo e outros.
Em reunião realizada ontem, o secretário argentino de Relações Econômicas Internacionais, embaixador Alfredo Chiaradía, pediu ao embaixador do Brasil no país, Mauro Vieira, a liberação dos 400 caminhões carregados de produtos frescos que estão barrados na fronteira. Segundo fonte da chancelaria argentina, Chiaradía classificou a medida de retaliação "desproporcional", comparada às barreiras que a Argentina adota contra os produtos brasileiros, já que não incluem produtos frescos.
"A ausência de aviso prévio para frear a entrada de produtos perecíveis, os quais já saíram de suas origens e não podem regressar, torna a medida desproporcional", reclamou o funcionário argentino, segundo relatou a fonte à AE. "Houve falta de transparência por parte do Brasil", queixou-se o funcionário argentino. Vieira, por sua vez, argumentou que o mecanismo adotado pelo Brasil é o mesmo que a Argentina aplica desde o ano passado e afeta 14% da pauta brasileira para o sócio.
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Uma nota da Embaixada do Brasil relata que Vieira "alertou para a inconveniência de que se perpetuem indefinidamente mecanismos de controle de importações, uma vez que podem acarretar desvio de comércio para terceiros países e entorpecer o fluxo comercial bilateral". As preocupações do governo brasileiro fundamentam-se na diminuição acentuada - de 43% - das exportações do Brasil para a Argentina no primeiro semestre de 2009, em contraste com a queda de 19% das exportações da Argentina para o Brasil, no mesmo período. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.