A arrecadação de tributos federais em Londrina e região cresceu 414% no ano de 2010 em comparação com o ano de 2000, o que é quase 2,5 vezes superior à média nacional, que foi de 168% e 1,7 vez a mais que a arrecadação dos mesmos tributos no Estado, cujo crescimento foi de 235%. Em valores, o total arrecadado até outubro foi de R$ 2,170 bilhões contra R$ 422 milhões recolhidos no ano 2000, isto sem contar a contribuição previdenciária. Se fosse incluída essa contribuição, a arrecadação chegaria a R$ 3,366 bilhões nos 63 municípios de abrangência da Delegacia da Receita Federal.
Os dados foram apresentados pelo delegado da Receita Federal em Londrina, Sérgio Gomes Nunes, em uma palestra a membros do Instituto de Direito Tributário de Londrina esta semana no Crystal Palace Hotel. Ele falou sobre ''A evolução tributária e do comércio exterior em Londrina nesta década'' Apesar do aumento, o delegado diz que não se pode afirmar que a média de crescimento da região tenha sido a maior do País.
Nunes apresentou uma série de fatores para o crescimento da arrecadação acima da média nacional. O primeiro foi o desenvolvimento econômico, com a criação de novas empresas e a vinda de outras empresas para o Norte do Paraná, e também o combate mais efetivo à sonegação de impostos. Outro motivo, segundo ele, é que a Receita Federal atuou de forma mais intensa no que define como ''contrabando ou descaminho''.
Leia mais:
Um terço das famílias brasileiras sobreviveu com renda de até R$ 500 por mês em 2021, mostra FGV
Taxa de desemprego no Brasil cai para 9,8%, segundo IBGE
Termina nesta terça o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda
Número de inadimplentes de Londrina cai 14% em abril, segundo dados do SPC
De acordo com o delegado, a Receita realizou apenas 3 operações do gênero no ano 2000 contra 54 ações este ano, somente até o mês de outubro. O volume de apreensão de mercadorias passou de R$ 335 mil no ano 2000 para R$ 14,2 milhões este ano Este trabalho foi realizado em conjunto com as Polícias Federal, Civil, Militar e Rodoviária.
Apesar do crescimento acima da média, Nunes afirma que o Norte do Paraná tem um grande potencial a ser explorado em termos de industrialização. ''O que nós percebemos, pelos indicadores de tributos, é que o aspecto industrial ainda é muito tímido na região'', afirma. Para ele, a cidade está dando os primeiros passos também em termos de comércio exterior. Ele citou como exemplo o terminal de cargas da Infraero que começou a operar há quase dois anos mas ainda é pouco utilizado pelos exportadores da região que preferem os terminais de outros aeroportos.
Para o presidente do Instituto de Direito Tributário de Londrina, Marcelo de Lima Castro Diniz, Londrina poderia estar hoje no mesmo nível de cidades como Joinville (SC), e Campinas e Ribeirão Preto (SP), se houvesse incentivo à industrialização ao longo das décadas ''Esse é um problema grave que nós temos aqui devido à falta de políticas para o setor; o que Londrina precisa hoje é se abrir para que a gente possa ter mais indústrias'', afirma o advogado.
Segundo ele, o Brasil tem uma carga tributária muito alta e haveria a necessidade de uma série de medidas para corrigir as distorções atuais. ''Temos uma legislação tributária altamente complexa, a União que não para de criar tributos, o Estado que não olha para essa questão de frente e nem está disposto a resolver o problema e somos nós que suportamos toda essa carga tributária'', afirma o advogado.