A pirataria movimentou no mundo, nos últimos dez anos, U$S 522 bilhões, quase o dobro do dinheiro movimentado pelo narcotráfico nesse mesmo período, estimado em U$S 330 bilhões.
No Brasil, atinge principalmente as indústrias de cinema e música. De cada 10 DVDs vendidos, seis são piratas. Essa realidade resultou no fechamento de 3 mil locadoras no País só nos primeiros cinco meses deste ano e extinção de 20 mil empregos.
Diante desses números, entidades e órgãos governamentais de combate à pirataria participaram, na manhã desta terça-feira, de uma audiência pública na Assembléia Legislativa. Proposta pelo deputado Osmar Bertoldi (DEM), o objetivo da audiência, que reuniu representantes dos setores mais lesados pela prática da pirataria, foi chamar a atenção das autoridades para a necessidade urgente de incrementar o combate ao mercado da pirataria e unir esforços dos vários setores da sociedade.
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Segundo Tânia Lima, da União Brasileira de Vídeo (UBV), um dos obstáculos é a falta de engajamento de toda a população. Pesquisa feita pela DataFolha mostrou que a maioria das pessoas não têm sentimento de culpa por consumir um produto pirata, o que considera ser apenas um delito leve. ''A pirataria financia crimes de maior potencial, como o narcotráfico, tráfico de armas e lavagem de dinheiro'', disse o secretário Executivo do Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP), André Luiz Barcellos, mostrando uma imagem de um ônibus flagrado pela Polícia Rodoviária Federal, lotado de material para pirataria e armas.
Clayton Wilson Jorge, da Associação Anti-Pirataria Cinema e Música (APCM), lembrou que a pirataria não é fruto de uma atividade doméstica, mas uma grande atividade ilegal. ''São laboratórios muito grandes, Já fizemos apreensões em lugares com mais de 30 gravadores'', afirmou.
Outra consequência desse comércio ilegal é econômico. Segundo a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), o Brasil deixa de arrecadar R$ 30 bilhões em impostos por ano, bem como deixa de criar 2 milhões de novos empregos formais por causa da pirataria.
Barcellos lembrou que a pirataria representa ainda riscos à saúde e segurança da população. ''Tudo o que tem valor econômico é alvo de pirataria'', disse. lembrando a ocorrência de falsificações de vários outros produtos, como medicamentos, perfumes, bisturis cirúrgicos, tênis, óculos de sol e brinquedos.
Como exemplo de risco, mostrou imagens de um isqueiro falsificado que produzia uma chama muito alta, uma lâmina de barbear irregular e de um óculos de sol para crianças, que não tem proteção infra-violeta e que causa a dilatação da pupila, levando à super-exposição da retina aos raios solares.