O Banco Central (BC) decidiu aumentar a intervenção no mercado de câmbio nesta sexta (7), após seis dias seguidos de alta do dólar. Ontem (6), o dólar comercial fechou o dia vendido a R$ 3,537, com alta de R$ 0,048 (1,39%). A cotação chegou ao maior nível desde 5 de março de 2003, quando fechou em R$ 3,555. Hoje, por volta das 10h, o dólar comercial para venda estava cotado em R$ 3,548, alta de 0,30%.
Na noite de quinta (6), o BC informou que o leilão de hoje de rolagem (renovação) de swaps cambiais, operações equivalentes à venda de dólares no mercado futuro, alcançará 11 mil contratos. Anteriormente, o BC estava colocando no leilão 6 mil contratos, ou seja, a renovação englobava 60% dos contratos. Se mantiver o ritmo, com 11 mil contratos, o BC poderá rolar 100% dos contratos.
O dólar começou a subir desde que a equipe econômica anunciou, há duas semanas, a redução para 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) da meta de superávit primário (economia para pagar os juros da dívida pública). Segundo economistas ouvidos pela Agência Brasil, a possibilidade de o país perder o grau de investimento das agências de classificação de risco pressionou o câmbio.
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Ontem, na máxima do dia, a moeda chegou a R$ 3,571, após a divulgação de pesquisa sobre a queda na popularidade da presidenta Dilma Rousseff.
Para tentar conter a alta, o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, disse ontem em entrevista ao Valor Econômico que o "preço do dólar está claramente esticado" e que os agentes econômicos estão agindo "aparentemente com pouca racionalidade".
Mercado futuro
Desde maio de 2013, quando os Estados Unidos começaram a reduzir as injeções de dólares na economia mundial, o BC voltou a vender dólares no mercado futuro para segurar a cotação da moeda norte-americana e oferecer proteção cambial para as empresas em momentos de forte oscilação da moeda. Em agosto daquele ano, o programa tornou-se permanente, com o BC ofertando diariamente contratos de swap.
A política durou até março deste ano, quando o Banco Central parou de ofertar novos lotes. Desde então, a autoridade monetária passou a rolar 70% dos contratos em vigor. Depois, o BC reduziu essa rolagem para 60%.
Nos meses em que o dólar sobe, o BC tem prejuízo com as operações de swap. Quando a cotação cai, o órgão tem lucro. Os resultados são transferidos para os juros da dívida pública, aliviando as contas públicas quando os contratos de swap são favoráveis à autoridade monetária e precisando ser cobertos com as emissões de títulos públicos pelo Tesouro Nacional quando ocorrer o oposto.
Criado em 2001, o swap cambial é uma ferramenta que permite ao Banco Central intervir no câmbio sem comprometer as reservas internacionais. O BC vende contratos de troca de rendimento no mercado futuro. Apesar de serem em reais, as operações são atreladas à variação do dólar. No swap cambial, a autoridade monetária aposta que o dólar subirá mais que a taxa DI (taxa de depósito interbancário, ou seja, a cobrada em transações entre bancos). Os investidores apostam o contrário. No fim dos contratos, ocorre uma troca de rendimentos (swap) entre as duas partes. Quando o dólar sobe, o BC tem prejuízo proporcional ao número de contratos em vigor. Quando a cotação cai, os investidores deixam de lucrar.