Os bancos comerciais no Brasil não têm balanço suficiente para financiar investimentos de prazo muito longo, segundo representantes de instituições financeiras. A solução, diante da redução no protagonismo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na gestão do governo de Michel Temer, seria recorrer ao mercado de capitais e investidores de longo prazo.
"Esse papel de financiador de longo prazo acho que o mercado de capitais tem condição de suprir. A grande questão é como o Brasil vai continuar tratando essa questão de subsídios a grandes investimentos, que no fundo se traduzem em tarifas mais atrativas em setores públicos", questionou José Olympio Pereira, presidente do Credit Suisse Brasil, em evento promovido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela agência de promoção Rio Negócios, no Rio.
Segundo ele, grandes projetos precisam de receitas maiores para se viabilizarem. "Faz sentido o BNDES continuar subsidiando o que faz sentido. Acho que deveria fazer isso de forma mais transparente para a população, para que a gente fique sabendo o que está subsidiando", ponderou Olympio.
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Segundo Hélio Magalhães, presidente do Citi Brasil, os bancos comerciais não têm balanço na região para financiar investimentos de longuíssimo prazo. "Acho que o banco deveria entrar no início", defendeu Magalhães, acrescentando que grandes investidores poderiam assumir o financiamento de mais longo prazo, como fundos de pensão, fundos soberanos, companhias de seguro.
Magalhães destacou também a necessidade de descobrir soluções para mitigar o risco cambial e atrair mais capacidade de seguro para grandes projetos. "Hoje em dia, a gente olha os projetos, são projetos bons, mas a possibilidade de alguma coisa acontecer é alta", disse o executivo do Citi Brasil. "Não é papel mais para banco. A indústria bancária mundial sofre pressão regulatória e não tem mais condição no balanço de fazer isso", completou Pereira.
Os executivos ressaltaram a alta capacidade brasileira de atrair investimentos, além das oportunidades presentes na área de infraestrutura e proporcionadas pelo programa de privatizações do governo Temer.
"Sem dúvida, o Brasil tem desafios, tem riscos, mas também tem oportunidades", declarou Ricardo Marino, presidente executivo de Operações para a América Latina do Itaú. Para tornar o Brasil mais atraente e eficiente, entretanto, os três executivos do setor financeiro defenderam a execução das reformas que estão atualmente em discussão no governo, como a fiscal e a Previdenciária. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.