Os bancos da zona do euro sofrerão perdas "consideráveis" com empréstimos neste ano e no próximo que devem provocar baixas contábeis de 195 bilhões e pesar sobre a lucratividade dessas instituições, de acordo com o Banco Central Europeu (BCE).
A perspectiva de baixas contábeis no valor dos empréstimos aliada à "contínua pressão dos mercados e das autoridades de supervisão para que os bancos mantenham um controle rigoroso da alavancagem sugere que a lucratividade do setor bancário deve continuar moderada no médio prazo", avaliou o BCE em relatório semestral sobre a estabilidade financeira.
Segundo estimativas da autoridade monetária, os bancos da zona do euro podem sofrer baixas contábeis líquidas de 90 bilhões com empréstimos e títulos em 2010 e de 105 bilhões em 2011.
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"Estamos passando no momento por uma segunda onda de baixas contábeis relacionada ao desempenho dos empréstimos", disse o vice-presidente do BCE, Lucas Papademos, durante uma entrevista coletiva. "Isso não é inesperado. As baixas contábeis com empréstimos vão diminuir, mas continuarão, refletindo simplesmente o desempenho geral da economia."
O BCE alertou ainda que as perdas com empréstimos em 2011 podem exceder as estimativas atuais. "Os riscos soberanos elevados e uma possível segunda rodada de efeitos decorrentes da consolidação fiscal necessária na maior parte dos países da zona do euro podem trazer riscos ao crescimento econômico", avaliou o banco central, acrescentando que, se houver uma concretização desse cenário, "as provisões contra perdas com empréstimos serão maiores".
O BCE reduziu a estimativa de baixas contábeis com empréstimos e títulos entre 2007 e 2010 para 515 bilhões, de 553 bilhões anteriormente.
"A resiliência geral do setor financeiro cresceu, levando em consideração que as reservas de capital foram fortalecidas. Mas, ao mesmo tempo, estamos conscientes dos desafios à frente, em particular no que diz respeito às finanças públicas", disse Papademos, que deixará a vice-presidência do BCE hoje. Vitor Constâncio, de Portugal, assumirá o posto na terça-feira.
Os maiores bancos da zona do euro terão de prolongar ou rolar cerca de metade de suas dívidas de longo prazo até o final de 2012. "Com diversos governos do bloco sofrendo pesadas necessidades de financiamento nos próximos anos, isso eleva o risco de as emissões de bônus bancários serem preteridas", alertou o BCE.
O déficit orçamentário agregado da zona do euro neste ano deve ser equivalente a 6,6% do Produto Interno Bruto (PIB). As regras do bloco exigem que essa taxa seja de no máximo 3%. As informações são da Dow Jones.