O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Túlio Maciel, afirmou que o crescimento na média diária de concessões do crédito em setembro obedece uma sazonalidade muito marcada do período. Segundo ele, setembro é um mês em que normalmente há maior atividade econômica, especialmente da indústria, que estimula um aumento nas concessões de crédito.
Mais cedo, o BC informou que a média diária das concessões do crédito livre teve alta de 3,4% em setembro ante agosto. No acumulado do ano, esse indicador teve expansão de 7,1% e, em 12 meses, de 6,4%.
Maciel afirmou ainda que o crédito total, desconsiderando-se o efeito câmbio que inflou os dados de concessões de operações referenciadas em dólar, cresceu 1,8% em setembro (ante 2,1% no dado geral, considerando as operações em dólar). O ritmo, segundo ele, está em linha com o de outros meses do ano, que apontam para um crescimento de 17% do crédito no ano.
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O chefe do Departamento Econômico considera que este nível de expansão é um bom patamar para o crescimento sustentável, mais razoável que em anos anteriores, quando o nível de expansão chegou a superar 30% em 12 meses. Vale lembrar que, no primeiro semestre de 2011, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que o ideal seria levar o crescimento do crédito para uma faixa de 10% a 15%.
Juros
Segundo Túlio Maciel, a queda da Selic (taxa básica de juros) poderá acelerar a concessão de empréstimos. "Sem dúvida, a redução da taxa de juro constitui um incentivo claro para as concessões de novos empréstimos", disse.
A despeito da recente acomodação na concessão de financiamentos, especialmente aqueles voltados ao consumo, Maciel acredita que os juros menores devem ser um fator importante de aumento na demanda por esses empréstimos nos próximos meses. "Houve moderação ao longo do ano, mas, em termos de concessão, a redução do juro constitui um incentivo às concessões", repetiu.
Maciel também comentou o fato de que os financiamentos imobiliários perderam, em setembro, o posto de líder na expansão do crédito. No mês passado, os financiamentos à indústria e ao segmento de serviços cresceram em ritmo mais forte que o dos demais setores, inclusive o habitacional. Para ele, ainda é cedo para falar em mudança de tendência.
"A expansão mensal de 2,2% do habitacional é significativa e essa é uma primeira observação, pode ser pontual. É muito cedo para afirmar que houve mudança na evolução do crédito imobiliário", disse. "Claro, após crescer em torno de 50% ao ano é de se esperar alguma acomodação no futuro", completou.