O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado (31), nos Estados Unidos, que o desenvolvimento de biocombustíveis não prejudicará a produção de alimentos no Brasil nem colocará em risco a biodiversidade do país. Lula se reuniu com George W. Bush em Camp David, a casa de campo dos presidentes dos Estados Unidos, no estado de Maryland.
"O Brasil possui a maior e mais importante biodiversidade do planeta. Temos consciência do valor que esse patrimônio natural representa para o nosso país e para o mundo. O Brasil, com 383 milhões de área agricultável, pode conciliar a produção de alimentos, a produção de biocombustíveis e a defesa de nossas florestas", enfatizou. "Nosso conhecido compromisso com o combate à fome não nos permite que qualquer atividade venha prejudicar a produção de alimentos".
No início do mês, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, criticou a visita de Bush à América Latina – inclusive ao Brasil – e afirmou que o plano de difundir o etanol é "irracional e antiético". "Pretender substituir a produção de alimentos para animais e seres humanos pela produção de alimentos para veículos para dar sustentação ao american style of life é uma coisa de loucos", disse.
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Outros assuntos tratados por Lula e Bush foram mudanças climáticas, ajuda a países pobres, conflitos no Oriente Médio e no Líbano, reforma das Nações Unidas e entraves da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). Após o encontro, os presidentes concederam coletiva à imprensa e revelaram detalhes da reunião.
Lula enfatizou que os combustíveis renováveis são alternativa para redução da emissão dos gases responsáveis pelo aquecimento global. "Há 20 anos, quando fomos alertados sobre os problemas que estávamos causando para o mundo, começamos a botar a culpa um no outro", disse Lula. "Chegou a hora de todos os países do mundo pensarem seriamente sobre o assunto das mudanças climáticas, porque agora a humanidade está lidando com um dos maiores riscos da sua história".
O presidente também destacou o potencial de geração de empregos da produção de biocombustíveis. "A experiência que temos no Brasil é que, para cada trabalhador que trabalha numa usina de biodiesel, é preciso [ter] mil trabalhadores no campo. Significa que nós poderemos gerar milhões de empregos nos países mais pobres do mundo, o que não estava previsto em nenhum documento assinado por nós no século 20".