Os investidores começam a semana atentos à piora da crise na Europa. Depois de Grécia, Irlanda, Espanha e Portugal, a crise da dívida desembarca na Itália e líderes da União Europeia (UE) convocam para esta segunda-feira (11), uma reunião de emergência para tentar frear o contágio. Por mais séria que tenha sido, a ameaça de um calote apenas rondou a periferia da Europa. Mas agora é a terceira maior economia da zona do euro que sofre os ataques do mercado.
Em clima de expectativa e nervosismo, as bolsas da Europa reagiram em queda. Às 7h40 horas (de Brasília), a bolsa de Milão recuava 1,33%; Londres caía 0,24%. Em Paris, a baixa chega a 1,37% e Frankfurt, queda de 0,93%. O euro atingiu uma nova mínima recorde diante do franco suíço e pela primeira vez desde 16 de junho caiu para menos de US$ 1,41.
Na sexta-feira, o risco país da Itália foi duramente atingido pelo mercado, que passou a apostar não apenas na quebra da periferia. As dúvidas em relação à saúde dos bancos italianos também ajudou a proliferar a tensão, a uma semana do resultado do teste de stress nas instituições financeiras da Europa. As ações do Unicredit Spa, o maior banco da Itália, desabaram quase 8%.
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Nos Estados Unidos, fundos de pensão que tinham investimentos na Itália iniciaram uma corrida para vender seus ativos, aprofundando ainda mais os temores em relação à Roma.
Além da Itália, os lideres econômicos da zona do euro também vão discutir um segundo pacote de resgate à Grécia. O resgate vive um impasse. O país precisa aprovar medidas de austeridade para reduzir o saldo negativo das contas públicas. Contudo, com o forte desaquecimento da economia, o volume de arrecadação do governo tende a ser cada vez menor. Já a população, protesta diante das medidas de corte de gastos sociais, além do desemprego.
Aversão ao risco
As ameaças de um default na Grécia, Portugal e Irlanda prometiam criar um terremoto para a Europa. Mas o bloco sempre esteve convencido de que tinha como resgatar financeiramente esses países. No caso da Itália, não haveria um resgate multilateral possível que pudesse ser arrecadado para salvar Roma. Para analistas, uma quebra da Itália significaria uma falência do projeto de moeda comum do euro.
Por enquanto, nenhum líder europeu acredita que a Itália esteja sob essa ameaça real. Mas eles querem tentar matar qualquer dúvida já em seu início, antes que ela se instale e seja ainda mais difícil de dissipar.
Divergências
Na Itália, o caos político não tem ajudado o país que já tem uma dívida superior a 120% do PIB. Para completar, o primeiro-ministro Silvio Berlusconi e seu ministro de Finanças não se falam por divergências sobre como aplicar o plano de austeridade. Não por acaso, o risco país da Itália atingiu um pico recorde na semana passada.
Depois de meses de crise, a UE continua tratando a questão da dívida como um problema de liquidez, aprovando pacotes de resgate para países como Grécia e Portugal baseado na injeção de recursos. No caso da Itália, a própria UE admite que não teria nem como imaginar um pacote de resgate, diante do tamanho da economia envolvida.
Para especialistas, uma nova forma de lidar com a crise da dívida teria de ser estabelecida, baseada em uma restruturação de toda a economia.