O Brasil é um dos líderes no ranking mundial de despesas com previdência. A conclusão é de um estudo elaborado pelos economistas Marcelo Abi-Ramia Caetano e Rogério Boueri Miranda, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Com 12% do Produto Interno Bruto (PIB – soma de toda riqueza do país) destinados ao pagamento de aposentadorias e pensões nos setores público e privado, o Brasil ocupa o 14º lugar entre os 113 países que têm despesas previdenciárias consideradas altas.
No estudo, cinco pontos analisados pelos dois economistas do Ipea confirmam que as despesas previdenciárias no Brasil estão acima do desejável, e indicam que o Brasil deveria gastar menos com previdência.
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Eles se referem à dependência demográfica, ao quociente entre a população idosa e as pessoas na faixa etária entre 15 e 64 anos; à relação entre aposentadoria e renda per capita; à participação dos contribuintes na força de trabalho; às alíquotas de contribuição; e às idades mínimas requeridas para aposentadoria.
Os cinco pontos em conjunto permitem construir um indicador de gasto previdenciário, e posicionam o Brasil no grupo de nações líderes em despesa com previdência, ao lado da Áustria e Uruguai, que possuem uma pesada carga fiscal nessa área.
Rogério Boueri Miranda explicou que países como a Itália, Polônia e Cuba apresentam gastos superiores aos do Brasil com a previdência. E que na Itália, por exemplo, esses gastos atingem quase 18% do PIB.
Boueri observou que pelas características demográficas da Itália, o país pode gastar mais que o Brasil. "É isso que nós estamos querendo dizer nesse estudo: o Brasil gasta muito mais do que as variáveis demográficas dele permitiriam", disse.
A conclusão do economista do Ipea é de que os países que gastam acima do Brasil em proporção ao PIB têm condições financeiras e demográficas de gastar mais. "O Brasil, para as condições que ele tem, gasta muito", disse.
O trabalho mostra ainda que nações com dimensões demográficas semelhantes às do Brasil, como os Estados Unidos, têm despesas previdenciárias proporcionalmente menores que as brasileiras, inferiores a 8% do PIB. "Os Estados Unidos, ainda por cima, têm outras condições melhores para alavancar o gasto deles com gente. Eles têm mais dinheiro", apontou Boueri Miranda.
O estudo também revela que, na comparação com os outros países, essas variáveis indicam que o Brasil é a única nação da amostra que está fora do "padrão internacional". Por se tratar de um país jovem, com 9,1% de dependência demográfica (relação entre a população de mais de 65 anos sobre a população em idade ativa), "a previdência repõe boa parte da renda, a cobertura e as alíquotas previdenciárias são altas, e o regime previdenciário ainda não conta com uma idade mínima para aposentadoria".
O trabalho dos economistas do Ipea está disponibilizado no site do órgão da Secretaria de Planejamento de Longo Prazo da Presidência da República, no endereço www.ipea.gov.br.
ABr