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Crise

Brasil está desde julho sem crédito no exterior

Agência Estado
20 dez 2015 às 16:54

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Os efeitos da perda do selo de bom pagador pelo Brasil por duas agências de classificação de risco devem se prolongar ao longo dos anos. Agora rebaixado para a categoria de grau especulativo, o País vê como mais difícil uma recuperação da credibilidade no mercado internacional.

A sequência da perda do grau de investimento pelas agências Standard and Poor’s e Fitch afeta a economia em várias frentes. A decisão traz uma piora nas expectativas com o aumento do risco de a terceira agência, a Moody’s, também tirar o selo de bom pagador do Brasil; o fluxo dos investimentos no País tende a diminuir; e a vida das empresas vai ficar mais difícil.

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"O crescimento brasileiro já seria mais baixo, mas o rebaixamento do País é mais uma restrição para a economia sair do buraco", afirma José Roberto Mendonça de Barros, sócio da consultoria MB Associados.

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O rebaixamento da nota brasileira promovido pelas agências de risco reforçou o mau humor da economia mundial com o País. Desde julho, as empresas brasileiras e instituições financeiras não fizeram nenhuma emissão no exterior.

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Os dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que as captações no exterior somaram apenas US$ 8,059 bilhões entre janeiro e novembro. No mesmo período do ano passado, foram US$ 45,485 bilhões.


"Se as empresas e o governo desejam fazer alguma captação externa, elas têm de saber que o seu nível de risco considerado é de um país junk (lixo)", diz Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências.

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Em agosto, depois de a equipe econômica apresentar um orçamento deficitário para este ano, num cenário de deterioração fiscal, o risco País começou a subir com mais firmeza. Era um claro sinal de que a perda do grau de investimento estava próxima.


Atualmente, o CDS (Credit Default Swap, seguro contra o calote de um País) de 5 anos está no patamar de 450 pontos, nível que não é compatível com o rating do País. Como comparação, o patamar do CDS brasileiro está bem acima do colombiano (250 pontos).

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"Entre as economias relevantes, poucas têm um prêmio de risco nesse patamar", diz Campos Neto. "Pode até haver exagero na alta do CDS, mas o mercado lida com a incerteza porque ninguém sabe o nosso fundo do poço."


Na sexta-feira, quando a presidente Dilma Rousseff anunciou a substituição de Joaquim Levy por Nelson Barbosa no cargo de ministro da Fazenda, o mercado voltou a dar sinais de desconfiança com os rumos do País e com o ajuste fiscal em curso - o dólar fechou a R$ 3,96, no maior valor desde 30 de setembro.

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A queda de patamar da economia vai se refletir no menor ingresso de recursos no País. Um relatório do banco Santander mostra que somente o investimento direto estrangeiro (em produção) deve recuar para a casa dos US$ 50 bilhões, abaixo dos US$ 73 bilhões de média apurada desde 2008 - quando o País foi considerado grau de investimento pelas agências.


Boa parte dos fundos de pensão só investe em países que tem grau de investimento em no mínimo duas agências.

O Brasil é um País de baixa poupança interna e depende dos recursos internacionais para conseguir um crescimento econômico razoável. "Um acesso mais restrito ao capital externo restringe o investimento e o crescimento", diz Tatiana Pinheiro, economista do Santander. Para o banco, com a redução esperada para o investimento estrangeiro, o crescimento potencial do País ficou limitado a 2% ao ano no médio prazo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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