O Brasil parece estar preparado para uma piora do cenário internacional e, eventualmente, outra crise global. A avaliação é da diretora de ratings soberanos da agência de classificação de risco Standard & Poor’s, Lisa Schineller.
"É importante que saibamos que temos perspectiva estável no rating, então ninguém está falando de upgrade no momento. Mas poderia um cenário externo negativo atrasar o rating ou segurar um momentum positivo do Brasil, que poderia ser mudança de outlook ou rating? No momento, diria que não há nada segurando uma ação positiva em relação ao Brasil", afirmou, em entrevista à Agência Estado. O Brasil tem nota de grau de investimento BBB-, com perspectiva estável pela S&P.
Lisa ressaltou que a transparência fiscal e as políticas fiscais em equilíbrio com as necessidades em infraestrutura são elementos mais importantes no momento, quando se olha o rating do Brasil. "Em parte porque, se você olha para a posição externa do Brasil, ela é comparativamente forte para a primeira categoria (de grau de investimento)."
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A diretora disse que o fato de o Brasil ter reservas internacionais acima de US$ 300 bilhões ajuda a mitigar o "grande déficit em conta corrente e uma quantia grande de dívida de curto prazo". "O Brasil também mostrou como reagir a uma crise em 2008 e em 2009. A ação na política monetária foi muito rápida, o que ajudou a estabilizar os temores de liquidez no mercado local."
Lisa Schineller também disse que não há nenhuma indicação de elevação do rating soberano do Brasil no momento, ainda que a atuação do governo de Dilma Rousseff nos dois primeiros meses esteja sendo vista como positiva. O que a S&P quer ver, explicou Lisa, são sinais de que o governo busca fortalecer o lado fiscal também a longo prazo.
A S&P foi a primeira agência a colocar o Brasil como grau de investimento, em e abril de 2008, e em vários momentos liderou os movimentos de mudança de rating do País. Mas, ao contrário da Moody’s, que na semana passada sinalizou à AE que um upgrade do rating soberano brasileiro pode vir até o fim deste semestre, Lisa preferiu não dar pistas sobre essa possibilidade.