O Brasil precisa fazer mais para impedir o fortalecimento do real porque a valorização da moeda pode causar problemas para a economia, afirmou o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, nesta terça-feira.
Em meio à viagem da presidente Dilma Rousseff à China, em que ela deve manifestar preocupações sobre como importações de produtos baratos da China têm prejudicado a indústria brasileira, Coutinho afirmou que o Brasil deveria buscar soluções próprias em vez de culpar a China.
Para começar a lidar com o problema, o governo precisa trabalhar mais duro para conter a alta do real, afirmou Coutinho à Reuters, em entrevista.
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"Temos que utilizar nossas ferramentas disponíveis para mitigar a apreciação excessiva", disse ele. "Eu creio que o Banco Central e o Ministério da Fazenda estão tentando fazer isso e acho que eles deveriam intensificar esse tipo de ação para impedir apreciação excessiva."
O real subiu na semana passada para o nível mais alto contra o dólar desde agosto de 2008, depois que o mercado desconsiderou as últimas medidas do governo para taxar investidores que estão lucranDo com o juro de dois dígitos do país.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem tentado conter a contínua alta do real com uma série de medidas, incluindo impostos sobre empréstimos estrangeiros e outros controles de capitais, mas a ameaça de novas medidas parece ter perdido sua força.
Apesar de ser inevitável que investimentos fluam para uma economia em rápido crescimento como a do Brasil, o governo deveria emitir barreiras mais fortes contra dinheiro especulativo, disse Coutinho.
"Temos que selecionar os fluxos de capital benignos que ajudam a desenvolver a economia brasileira das atividades especulativas de curto prazo que, de certa maneira, são prejudiciais já que exageram a tendência de valorização da moeda", disse ele.
Outras medidas para melhorar a competitividade brasileira incluem investimento em logística e promocação da inovação, disse Coutinho.
Em 2009, o BNDES recebeu uma linha de crédito de 800 milhões de dólares do China Development Bank (CDB), mas Coutinho disse que o banco nunca acessou a linha.
"Esse empréstimo de 800 milhões de dólares não foi contratado de fato, porque as condições não eram as ideais para nós. Precisamos de prazos muito longos", disse ele. "Temos fontes alternativas de financiamento."
Coutinho acrescentou que a oferta chinesa foi considerada como um gesto amigável e que as discussões continuam sobre termos de financiamento e projetos para qualquer empréstimo do CDB.