O Brasil precisa começar a se mover para encontrar equilíbrio no lado fiscal e promover as reformas estruturais necessárias para melhorar a eficiência da economia, afirmou o vice diretor gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), John Lipsky, durante as reuniões anuais do Banco Mundial e do FMI, em Washington, EUA.
"A economia do Brasil está indo muito bem, num ambiente econômico favorável, visão favorável dos investidores internacionais e forte fluxo de capitais", disse a jornalistas. "Este é o momento para o Brasil começar a melhorar o equilíbrio fiscal no médio prazo, promover reformas estruturais para aumentar a eficiência da economia e tirar vantagem desse momento muito favorável diante das perspectivas de longo prazo que foram criadas, entre outras coisas, pelas recentes descobertas em larga escala de fontes de energia", completou.
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Lipsky disse que no curto prazo os governos podem adotar medidas prudenciais diante de fortes fluxos cambiais, como acumular reservas, ou outros mecanismos para controlar o capital, sem que isso possa realmente ter eficácia no longo prazo.
"Entendemos também que há alguns elementos de controle de capital que podem ser adotados, mas é claro que isso é temporário, porque não há como evitar os fluxos de longo prazo", afirmou Lispky. "Mas se isso ajuda a evitar volatilidade, então não há por que não usar (medidas de controle)", completou.
Lipsky disse ainda que, se os países emergentes querem ter voz, é preciso que também se responsabilizem pela estabilidade do sistema financeiro global. Ele afirmou que esse tema está sendo discutido no âmbito do FMI. "O FMI é o lugar certo para discutir isso (disputa cambial)", afirmou.
Em relação à China, ele disse que o país não é o único problema na disputa cambial global, mas de qualquer modo o FMI está ciente de que o país precisa fazer algo para conter a fraqueza da moeda local, o yuan (ou renminbi). "Acreditamos que o renminbi está substancialmente subvalorizado e algo precisa ser feito para resolver esse problema", disse o diretor.
Segundo ele, muitos países têm tido gigantescos fluxos de capital e os governos desses países têm adotado medidas para conter esse fluxo e evitar a criação de bolhas e problemas em suas economias. "E o que pode ser feito? Em nível global, a resposta imediata é deixar a moeda se apreciar. Mas é claro que há limites do que se pode fazer nessa direção e alguns países não querem que suas moedas se apreciem tão rápido", observou.
Lipsky disse, no entanto, que no médio prazo, o fluxo de capital é "algo bom", que ajuda a economia global a se desenvolver.