A economia brasileira vai crescer apenas 1,6% neste ano, a segunda pior taxa dos 20 países da América Latina e à frente apenas do Paraguai, segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
A estimativa consta do relatório "Estudo Econômica da América Latina e do Caribe", divulgado nesta terça-feira em Santiago, no Chile.
Na pesquisa, o organismo também revisou para baixo o crescimento da região, dos 3,7% anunciados em junho passado para 3,2%, devido especialmente ao agravamento da crise internacional, relacionada à menor demanda da Europa e dos Estados Unidos, além da desaceleração da China.
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Antes da revisão, a Cepal previa que o Brasil cresceria 2,7% neste ano, à frente apenas do Paraguai (-1,5%) na América do Sul, mas também de El Salvador (2,0%) quando se analisa os 20 países da América Latina.
A projeção do organismo indica agora que o crescimento neste ano será encabeçado pelo Panamá (9,5%), seguido do Haiti (6,0%) e do Peru (5,9%). A Bolívia, o Chile, a Costa Rica, a Nicarágua e a Venezuela crescerão 5% este ano, enquanto o México terá expansão de 4%.
O Paraguai será o único país a registrar contração, de -2%, por fatores climáticos excepcionais que destruíram parte de sua produção de soja, principal produto de exportação do país.
Por sub-regiões, o Caribe crescerá 1,6%, a América Central 4,4% e a América do Sul 2,8%.
Crescimento menor
Segundo o organismo, a maior parte dos países sul-americanos e centro-americanos terá, em 2012, taxas de crescimento do PIB "similares ou levemente inferiores" às de 2011.
Por causa disso, o crescimento da América Latina em 2012, prevê o órgão, deverá ser de 3,2% contra 4,3% em 2011, devido principalmente à desaceleração da Argentina (2%) e do Brasil (1,6%), que, juntos, têm peso considerável no PIB da região.
No relatório, a Cepal aponta que o Brasil experimentou um "processo de desaceleração mais forte que os demais países durante o último semestre de 2011".
Os primeiros sinais de retomada da economia, acrescenta a Cepal, só começaram a ser observados no início do segundo semestre deste ano, acrescentou o organismo.
Na avaliação da Cepal, a força do consumo privado na região impediu uma queda mais brusca da atividade econômica, graças à evolução do mercado de trabalho, do aumento do crédito e, em alguns casos, das remessas.
Segundo o organismo, a diminuição nos níveis de desemprego aliada aos salários mais altos têm contribuído para a expansão moderada da demanda interna nos países latino-americanos e, consequentemente, de seu consumo.
Por outro lado, o enfraquecimento da demanda externa e a queda no valor da maioria dos principais bens básicos de exportação, transformou o comércio exterior no "principal canal de transmissão das crises internacionais para a economia da América Latina".
"O desempenho econômico da América Latina e do Caribe em 2012 e 2013 está sujeito, em boa parte, à forma tomada pelos processos de ajuste dos países desenvolvidos, assim como a desaceleração da China, embora vá depender da própria capacidade de resposta da região", afirmou Alicia Bárcena, secretária-Executiva da Cepal, na apresentação do estudo.
Apesar de a turbulência externa, avalia a Cepal, a região tem acumulado uma "experiência valiosa" nos últimos anos, o que "permitiu responder adequadamente às turbulências externas".
Segundo o relatório, a maioria dos países da América Latina tem, hoje, espaço fiscal para enfrentar a crise com políticas contracíclicas que permitam estabilizar a trajetória do emprego, o investimento e o crescimento.
2013
No ano que vem, a Cepal projeta uma recuperação das economias do Brasil e da Argentina, o que contribuirá, segundo o organismo, para a maior parte da elevação do crescimento médio da região em 2013, quando deve registrar alta de 4%.
Apesar da retomada, o órgão alerta para a "continuação da trajetória levemente descendente do crescimento" na maior parte dos países sul-americanos, mais dependentes das exportações de produtos básicos para a China.
No Caribe, informa o organismo, a recuperação será "paulatina", com taxas de crescimento levemente superiores às de 2012, nos países mais dependentes do turismo.
No relatório, a Cepal também adverte que o investimento na região tem sido especialmente vulnerável diante dos choques externos.
Para minimizar os efeitos do problema, o organismo recomenda um esforço para a estabilização econômica que coordene políticas fiscais, monetárias, cambiais e macroprudenciais.
Segundo o órgão, tal estratégia favoreceria não somente uma maior estabilidade do crescimento do produto, do investimento e do emprego, mas também a redução da heterogeneidade produtiva e da desigualdade social.