O Brasil deverá importar este ano em torno de sete milhões de toneladas de trigo, para completar o volume necessário ao seu consumo interno, que é de cerca de 10 milhões de toneladas. O aumento da importação de trigo deve-se à queda na safra brasileira, que será menor em todo o País - em torno de 30%, conforme a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). "É uma incoerência o Brasil comprar trigo estrangeiro se tem a disposição uma matéria-prima que pode substituir parte desta importação", critica o Presidente da ABAM (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca), Hermes Campos Teixeira, referindo-se ao amido ou fécula de mandioca. Segundo Teixeira, o produto pode substituir até 10% do trigo estrangeiro usado no segmento de panificação, e até 40% nos segmentos de massas e biscoitos.
Em entrevistas a imprensal, o presidente da Abitrigo (Associação Brasileira das Indústrias de Trigo), Francisco Samuel Hosken, tem manifestado preocupação com a necessidade do País de importar trigo para suprir seu consumo. As importações atuais de trigo estão girando em torno de 50% das necessidades do grão.
Esta dependência, sobretudo do trigo argentino, que é o maior exportador para o Brasil (95% do total importado) está provocando aumento de preços do trigo no País, e movimentações dos industriais do setor no sentido de tentar fazer o Governo reduzir a zero a TEC (Tarifa Externa Comum) para as importações de trigo de fora do Mercosul. O Governo não se rendeu à pressão dos industriais do setor de trigo brasileiros, decidindo manter a TEC em 12%.
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"Com uma simples quebra de resistência dos grandes importadores de trigo do Brasil podemos amenizar o problema, reduzindo a remessa de recursos para o exterior, gastos hoje com a compra de trigo, tendo como resultado uma economia mais fortalecida", pondera o Presidente da ABAM, destacando que o benefício econômico da mistura oferece ganhos não somente aos panificadores, que vão comprar o produto final (farinha de trigo misturada com o amido/fécula de mandioca), mas, também, a outros integrantes da cadeia produtiva da mandioca.
O setor industrial ganha com a ampliação do mercado, o aumento da produção e a conseqüente manutenção ou aumento na oferta de emprego. O setor agrícola dos municípios produtores de mandioca lucra com a elevação do consumo de raiz, que requererá aumento da produção - para se obter um quilo de amido/fécula de mandioca são necessários quatro quilos de raiz. "Tudo isso repercutirá.em maiores oportunidades de emprego e renda no País", ressalta o Presidente da ABAM.
O consumidor ganhará em qualidade de alimentação. Entre as vantagens está o fato de que o pãozinho feito com a mistura de trigo e amido/fécula de mandioca dura até seis horas a mais que o pão que utiliza apenas farinha de trigo. Além disso, o pãozinho fica mais crocante, com miolo mais branco e cheio, não ressecando de um dia para o outro. Outra vantagem é que o valor nutricional do pãozinho é preservado, pois o moinho estará, simplesmente, substituindo amido de trigo por amido de mandioca.