O Brasil decidiu investir na pesca de alto-mar, setor de alta rentabilidade mas no qual o país detém apenas uma parcela mínima da cota a que tem direito no Atlântico. A informação é do ministro da Pesca, Luiz Sérgio, que pretende formar mão de obra especializada para trabalhar nessa modalidade, que visa à captura de espécies de grande valor comercial, como o atum.
"Essa pesca industrial de alto-mar precisa ser incentivada, porque o Brasil só atinge 2% da cota estabelecida da pesca de atum no Atlântico. E se o país não pescar esse peixe, perde sua participação na cota. É um peixe muito comercializado no mundo e podemos ser exportadores dessa espécie", disse o ministro em entrevista à Agência Brasil.
Diferentemente da pesca costeira, que usa redes de arrasto, a captura em alto-mar é feita com espinhéis (linha que agrupa vários anzóis) e depende de mão de obra especializada, pouco encontrada no país, o que força as empresas a contratar pescadores estrangeiros, situação que o ministério quer mudar. Na última sexta-feira (8), foi assinado em Natal (RN) acordo para formar pescadores de alto-mar, por meio do Serviço Nacional de Aprendizado Industrial (Senai), com uma consultoria técnica japonesa.
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"Quando os empresários arrendam os barcos, nós não temos mão de obra, que vem das Filipinas ou do Japão. Esse convênio firmado entre o ministério, o governo do Rio Grande do Norte e o Senai permitirá a vinda de técnicos do Japão, que ficarão aqui durante três anos e vão transferir essa tecnologia aos pescadores. É uma pesca profissional na qual precisamos formar trabalhadores para participar desse mercado, disputadíssimo no mundo."
O objetivo é formar 400 trabalhadores especializados nessa modalidade, que usa espinhéis de 150 quilômetros de extensão com até 3 mil anzóis, que após lançados ao mar são monitorados por computador. Os peixes capturados a profundidades de 200 a 400 metros são trazidos para os barcos e congelados a temperatura de 60 graus Celsius negativos.
Segundo o ministro, além de gerar divisas com a exportação, o setor pesqueiro também contribui para fortalecer o mercado interno, que vem consumindo mais peixes, mas ainda abaixo do recomendável.
"A pesca tem uma potencialidade econômica importante de geração de emprego e de proteína, num país que tem enfrentado uma luta contra a miséria. Nós já aumentamos o consumo de 7 quilos para 9 quilos per capita ano de pescado, mas mesmo assim estamos com um consumo inferior ao recomendado pelos organismos de saúde."
Outra iniciativa é o incentivo à produção local de pescados, mas que segundo Luiz Sérgio enfrenta barreiras de licenciamento ambiental. "O ministério está priorizando o licenciamento das fazendas de piscicultura. O Brasil tem rios, lagos e reservatórios que podem ser áreas de criação de peixes. Tanto com enfoque industrial quanto na política social, de gerar alimento, emprego e renda para as famílias mais pobres."