Os brasileiros não têm a mínima ideia de como gastam aproxidamente US$ 23 (R$ 38) por semana ou cerca de US$ 1.200 por ano (R$ 2.028). A maior dificuldade de controle é quando o assunto são compras ou lazer com amigos e familiares. Os dados fazem parte de um estudo encomendado pela Visa Inc. realizada em três mercados da América Latina - Brasil, Argentina e México - e é o primeiro estudo da região que tem por objetivo mapear ''gastos desconhecidos'' dos consumidores. O levantamento completo foi feito em 12 países de todo o mundo e ouviu 12 mil pessoas, dos quais mil (8%) brasileiros.
A pesquisa revelou que os consumidores estão mais propensos a esquecer gastos relacionados a alimentos (43%), lazer (35%), entretenimento (29%), compras de lanches e aperitivos (26%) e jantar fora (25%).
Além disso, 50% dos consumidores brasileiros acreditam que grande parte das pequenas compras em dinheiro são difíceis de controlar. ''Mesmo para os mais organizados pode ser difícil manter o controle de quanto se pagou em dinheiro em um café ou outros itens de pequeno valor'', afirmou o diretor de produtos da Visa América Latina e Caribe, José Maria Ayuso. ''Enquanto as compras em dinheiro são difíceis de controlar, a pesquisa revela que os consumidores acreditam que os cartões de débito podem ajudá-los a acompanhar mais de perto os gastos e assim manter-se dentro do orçamento'', finaliza o executivo.
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Segundo a pesquisa, 40% dos consumidores brasileiros utilizam seus cartões de débito para despesas pessoais e domésticas e para 16% esse é o principal método de pagamento para esse tipo de compras.
Para o consultor financeiro Raphael Cordeiro, a falta de controle de gastos acontece por falta de planejamento, originada pela ausência de objetivos. As pessoas não sabem o que pretendem em relação ao dinheiro a médio e longo prazo e, por isso, não se organizam para comprar e poupar. O remédio para isso é só disciplina, ensina.
Mas, segundo Cordeiro, a pessoa precisa ver a relevância no esforço de fazer planejamento. Uma sugestão dele é separar por exemplo, R$ 50 e colocar no bolso para gastar só em ''besteirinhas'' e comidas para o prazo de alguns dias. No entanto, é necessário fazer o orçamento antes para ver se estes R$ 50 são suficientes para esse fim. Caso o dinheiro termine antes do prazo previsto, significa que a pessoa está gastando demais.
Ao definir os objetivos de gastos é importante também identificar a relevância de cada um. ''Quando gastamos pequenas quantidades a tendência é perder o controle'', diz. Para ele, os cartões de débito e crédito podem ser instrumentos de controle, mas não adianta se a pessoa não for disciplinada. Para quem tem mais dificuldade de se controlar, a dica dele é deixar o dinheiro na carteira para determinados gastos. Quando acabar, a pessoa sabe que não pode gastar mais.
O motorista de ônibus Nilton Paiva aprendeu a controlar as despesas sozinho depois de passar por uma experiência negativa. ''Antes eu não tinha controle dos gastos'', conta. Mas, depois que as dívidas do cartão de crédito viraram uma ''bola de neve'', ele foi obrigado a renegociar os valores devidos. Hoje, Paiva anota todos os gastos diários e tem cotas definidas de valores para tudo.
Ele também tinha quatro cartões de crédito sendo dois de bandeira internacional. Hoje tem dois cartões e um deles só é mantido porque não está cobrando anuidade.
A correspondente bancária Vilma Colaço admite que não consegue ter um bom controle do próprio dinheiro. Para ela, os gastos mais difíceis de gerenciar são com roupas. ''Já cheguei a gastar R$ 1 mil em um dia em roupas e sapatos'', revela.
''Não sei onde vai tanto dinheiro. A maioria das vezes falta dinheiro no final do mês'', afirma a balconista Jéssica Figueira de Oliveira. Os gastos mais difíceis de controlar, em sua opinião, também são com roupas e calçados.