O câmbio voltou a exercer influência expressiva na inflação mensurada pelos Índices Gerais de Preços (IGPs), na avaliação do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Ele apresentou hoje os resultados do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de setembro, que trouxe exemplos de quedas e desaceleração de preços no atacado, sob a influência do impacto de um dólar mais baixo.
O destaque absoluto de influência cambial no atacado ficou com os produtos siderúrgicos, cujos preços saíram de deflação de 0,38% para deflação de 2,48% de agosto para setembro. Os preços de metalurgia básica também aprofundaram movimento de deflação (de -0,24% para -1,84%) no mesmo período. "Dentro do setor siderúrgico, a situação de quedas de preços é praticamente geral", afirmou Quadros.
Entre os exemplos citados por ele estão as mudanças nas trajetórias de preços, de agosto para setembro, em vergalhões de aço (de -0,44% para -2,28%), bobinas a quente de aço ao carbono (de 1,97% para -3,93%), bobinas ou chapas de aço inoxidável (-5,25% para -7,45%) e arames de aço ao carbono (de 0,06% para -4,10%). O câmbio também ajudou a mudar a trajetória de preços de materiais para manufatura, cujos valores pararam de subir (de 0,91% para -0,10%) de agosto para setembro. Este segmento é basicamente fornecedor de insumos para a indústria.
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Commodities
Quadros chamou atenção, no entanto, que este movimento de dólar mais fraco foi acompanhado também de uma perda de força nos aumentos de preços das commodities industriais no mercado internacional. "Com o dólar baixo e quedas nos preços de commodities de agosto para setembro, como a celulose (de -1,27% para -4,73%), por exemplo, os preços dos materiais para manufatura mostraram queda", resumiu. "Esta influência do câmbio tende a crescer nos próximos meses, no sentido de suavizar a trajetória de inflação. Assim o câmbio volta a ter um papel mais relevante no cenário de formação de preços", afirmou.
Quadros acrescentou que a mudança na trajetória de preços de minério de ferro (de 11,42% para -2,14%) ajudou a derrubar a inflação industrial atacadista (de 1,40% para 0,31%) de agosto para setembro. "Os preços do minério tinham passado por um reajuste de preços trimestral, que agora já foi captado pelo indicador", lembrou. "Além disso, o preço do minério também é dolarizado", acrescentou. Ele explicou que o dólar baixo também contribuiu para a queda no preço do produto em setembro.