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Ameaça do desemprego

Cana emprega 12% da população de pequeno município do PR

Fernando Rocha Faro/Equipe Folha
20 jul 2009 às 11:12

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Itambé, distante 37 quilômetros ao sul de Maringá, tem 5.897 habitantes; estima é que de 700 trabalham no corte de cana-de-açúcar - Reprodução
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Perto de 12% dos 5.897 habitantes de Itambé (37 km ao sul de Maringá) trabalham no corte de cana-de-açúcar. A previsão do próprio Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município é sombria para os bóia-frias: estima-se que até 2018 as máquinas tenham tomado conta da colheita e sobrem poucos empregos para os lavradores.

Dessa forma, existe o risco de que a cidade retome uma tendência preocupante: a de perda da população. De acordo com o prefeito Antonio Carlos Zampar (PT), Itambé chegou a contar com mais de 30 mil habitantes três décadas atrás. Movimento que começou após a ‘geada negra’, que atingiu o Norte do Paraná em julho de 1975.

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Atualmente, o maior risco é que os jovens deixem o município em busca de emprego, na maior parte das vezes em Maringá. Para quem opta por ficar, não sobram muitas alternativas de ocupação. E quando as vagas existem, o salário deixa a desejar.

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Por isso, muitas mulheres preferem cortar cana a trabalhar como domésticas. Em Itambé, é difícil encontrar quem pague até mesmo o salário mínimo. Para ir e voltar de Maringá todos os dias, além do cansaço da viagem, outro problema é que os rendimentos não são tão atrativos.

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Esse é o caso de Roseli Pereira dos Santos, 35 anos, que corta cana desde 1992. Apesar de já ter trabalhado como doméstica, ela diz que prefere o serviço pesado na lavoura. E aponta os motivos: ganhos melhores, facilidade para conseguir a aposentadoria e falta de opção na hora de procurar emprego em casas de família.


‘Como doméstica a gente trabalha muito e ganha pouco. E na lavoura é mais fácil de se aposentar. Não gosto do serviço doméstico porque os patrões não dão valor’, comenta. Nas lavouras de cana, consegue ganhar de R$ 700 a R$ 800 em média. Como empregada, a maioria recebe cerca de R$ 600 mensais.

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A remuneração melhor atraiu também o marido dela, Lourival Magalhães, 37, que recentemente perdeu o emprego de mecânico. Apesar de iniciante, ele já está ganhando mais do que a esposa, uma vez que o pagamento é feito com base na quantidade de cana cortada.


Assim, a vida no corte de cana pode garantir um bom salário para quem tem força para ser bastante eficiente, como Antonio Leite Leal Júnior, 29 anos. Desde os 15 anos de idade a rotina dele é dedicada ao trabalho com o facão. Nos ‘meses bons’, conta, o cortador chega a ganhar R$ 1,5 mil. Mas não pretende ficar nessa vida por muito tempo. Ele planeja cortar cana por mais dois anos e depois buscar outra atividade. De preferência, na boleia de um caminhão. ‘O que faço não quero para a minha família. Não fico preocupado com a chegada das máquinas. Para quem tem coragem de trabalhar, serviço não falta’, ressalta.


Para a ex-doméstica Sueli Pereira Bispo, 33, o serviço é pesado, mas ainda é compensador em relação ao emprego anterior. Por outro lado, fica mais difícil para conciliar o trabalho e o estudo. Tanto que ela cursou apenas até o sétimo ano do Ensino Fundamental. ‘Tentei, mas depois ficou muito cansativo. Hoje não sei o que faria sem a cana’, diz.

Zampar admite que há profissionais que preferem trabalhar no campo. Por outro lado, alguns casos é por falta de opção mesmo. Mas que a luta por uma vida melhor exige sacrifícios. ‘Vai depender da dedicação de cada cidadão. Mas alguns conseguem chegar até à faculdade’, ressalta o prefeito. Ele estima que hoje perto de 200 itambeenses façam curso superior à distância.


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