O cenário atual da inflação mostra que o centro da meta inflacionária de 2011, de 4,5% (com margem de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo) é "inatingível", nas palavras do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Salomão Quadros. O especialista comentou que, apesar de acreditar em uma trajetória de desaceleração dos indicadores inflacionários em 2011, a perda de fôlego da inflação vai se dar em um ritmo mais lento, e insuficiente para atingir o centro da meta.
O especialista criticou ainda a amplitude das bandas da meta inflacionária. Ele comentou que isso poderia ser revisto para uma opção de banda mais restritiva, inferior a dois pontos porcentuais. Para ele, o cenário da inflação no Brasil poderia contar com uma meta mais rigorosa. "Acho que o nível (de viés) é alto. Temos dez anos de meta de inflação e acho que poderíamos estar pensando em algo mais rigoroso. Creio que esta discussão deveria ganhar um destaque maior ", afirmou, acrescentando que isso poderia ser debatido nas próximas reuniões do Conselho Monetário Nacional (CMN), que deve definir a meta para 2013.
Ao comentar o resultado do IGP-DI de janeiro, que mostrou uma taxa próxima de 1% (0,98%), Quadros afirmou que o resultado "não é preocupante". Ele comentou que em 2011, de uma maneira geral, veremos taxas mensais dos indicadores inflacionários menos elevadas do que as apuradas no ano passado. Isso porque 2010 mostrou uma onda de recuperação de preços no cenário pós-crise global, tanto no setor agrícola quanto no setor industrial - movimento este que não deve se repetir em 2011, visto que os preços já foram ajustados. "Mas os preços dos alimentos devem continuar a nortear os rumos da inflação este ano", afirmou.