A China absorveu 66,2% de todo o minério de ferro comercializado pela Vale no segundo trimestre do ano, ao comprar 35,611 milhões de toneladas, um volume recorde neste período para aquele mercado. Desde o início do ano, o país dobrou sua importância no portfólio de clientes da mineradora brasileira. Ao longo de 2008, antes do setor ser atingido com mais intensidade pela crise mundial, a China respondia por 30% das compras de minério da Vale.
Em seu balanço divulgado hoje, a companhia traçou um cenário positivo para demanda de minério de ferro na China, impulsionada pelo setor de construção, que responde por quase 40% do consumo chinês de aço. "A retomada do setor de construção oferece um importante suporte para uma recuperação sustentável da demanda doméstica, enquanto ao mesmo tempo possui implicações positivas para a evolução da demanda por minério de ferro", informa a empresa, no relatório do balanço.
No documento, a companhia brasileira informou ainda que tem sido bem-sucedida na estratégia de aproveitar o fôlego apresentado pela economia chinesa nesse momento de retração da demanda mundial pelo insumo. No primeiro semestre, as exportações para o país cresceram 42,1% na comparação com igual período do ano passado.
Leia mais:
Um terço das famílias brasileiras sobreviveu com renda de até R$ 500 por mês em 2021, mostra FGV
Taxa de desemprego no Brasil cai para 9,8%, segundo IBGE
Termina nesta terça o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda
Número de inadimplentes de Londrina cai 14% em abril, segundo dados do SPC
Segundo a Vale, esse incremento foi possível graças às "novas políticas de marketing", que incluíram uma postura mais flexível na precificação do minério de ferro, a volta ao mercado à vista (spot) e a ampliação da base de clientes no país. Em março, a empresa anunciou um desconto de 20% no preço de venda de seus produtos para a Ásia. Após concluir as negociações de preços com siderúrgicas da Europa, Japão e Coreia do Sul, a Vale informou ainda que iria estender os novos aos os clientes interessados em seguir o benchmark fixado para os contratos de longo prazo. Com isso, o desconto ficou maior, de 28,2% para o minério fino.
Para aproveitar esse fôlego da economia chinesa, a Vale destacou que tem investido na criação de uma frota de baixo custo de frete marítimo por meio de uma frota de navios e contratos de afretamento de médio e longo prazo com companhias de navegação.
Vendas caíram 28,5% no 2º trimestre
A forte retração na demanda mundial por minério de ferro, motivada pela crise global, levou a Vale a registrar uma queda de 28,5% no volume de venda da commodity no segundo trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2008. Conforme o balanço de resultados da mineradora divulgado hoje, de abril a junho a Vale comercializou 50,668 milhões de toneladas, contra 70,876 milhões de toneladas do mesmo intervalo do ano passado. Já na comparação com o trimestre anterior, as vendas da companhia apresentam uma pequena recuperação, de 1,6%.
O balanço revelou ainda uma redução de 31,48% no preço médio praticado pela mineradora brasileira em relação ao segundo trimestre de 2008, atingindo o patamar de US$ 47,82 por tonelada. Os preços também ficaram 23,84% abaixo do cobrado pela companhia nas vendas realizadas entre janeiro e março de 2009.
O resultado divulgado pela Vale mostrou ainda que as vendas de níquel no segundo trimestre ficaram no mesmo patamar registrado no ano passado, somando 69 mil toneladas métricas. Já o preço médio do produto ficou 51,01% inferior ao praticado no mesmo período de 2008. Na comparação com o trimestre anterior, o preço médio do níquel mostrou uma recuperação, subindo 22,7%, para US$ 13.223,86 por tonelada métrica.
O lucro líquido da Vale caiu 81,5% no segundo trimestre deste ano em comparação com o mesmo trimestre de 2008, passando de R$ 7,9 bilhões para R$ 1,46 bilhão. A receita líquida caiu 41% e somou R$ 10,691 bilhões no trimestre. O lucro antes de despesas financeiras, impostos, depreciação e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) recuou 66,9% e passou de R$ 10,473 bilhões para R$ 3,463 bilhões.
No padrão contábil norte-americano (US Gaap), o lucro líquido da Vale no segundo trimestre caiu 84,2% em comparação com o mesmo período do ano passado e somou US$ 790 milhões. O Ebitda ajustado caiu 72,3% e passou de US$ 6,218 bilhões para US$ 1,725 bilhão. A receita líquida foi de US$ 4,948 bilhões no trimestre, queda de 53,3% ante os US$ 10,6 bilhões registrados no mesmo intervalo do ano passado.